Missionário dos EUA é deportado de Ruanda após acusar governo local de "práticas pagãs"

Gregg Schoof e sua família estavam em Ruanda há pouco mais de 16 anos; além da igreja a família missionária trabalhava com uma estação de rádio cristã.


O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursa na 73ª Assembleia da ONU (à direita); o missionário deportado Gregg Schoof. (Foto: Reprodução / Getty Images / Spencer Platt / YouTube)
O missionário americano Gregg Schoof foi deportado na segunda-feira (07) em Ruanda, onde dirigia uma igreja evangélica conservadora e uma estação de rádio. Ele foi tirado à força do país depois de acusar o governo de "se posicionar contra Deus com suas práticas pagãs".

Citando uma declaração da Direção Geral de Imigração e Emigração de Ruanda, o principal jornal diário local, The New Times, disse que o pastor Schoof foi deportado depois de ser declarado "imigrante proibido".

"Gregory Schoof Brian foi deportado e enviado de volta ao seu país como imigrante proibido", disse Regis Gatarayiha, diretor-geral de Emigração e Imigração ao The New Times.

Schoof foi preso em Kigali, capital do país, na segunda-feira antes de realizar uma coletiva de imprensa para denunciar o governo de Ruanda por reprimir as igrejas, informou o New York Times.

Antes de sua deportação na segunda-feira, Schoof e sua família estavam servindo em Ruanda há pouco mais de 16 anos. Ele e outros pastores evangélicos têm criticado o governo de Ruanda por permitir acesso ao aborto e controle de natalidade, além de ensinar a evolução.

No entanto, no ano passado, o governo revogou a licença para a Rádio Cristã Amazing Grace e fechou sua igreja e recentemente se recusou a renovar vistos para Schoof e sua família.

Em um comunicado divulgado no Twitter, autoridades ruandesas disseram que a licença para a estação de Schoof foi revogada “depois que esta estação não cumpriu as sanções da # RURA, tomadas após um sermão transmitido pela rádio em 29 de janeiro de 2018, no qual uma apresentadora de rádio insultava repetidamente as mulheres referindo-se a elas como más."

“Eu não vim aqui para combater o governo. Eu vim pregar o Evangelho”, disse Schoof em um comunicado preparado na segunda-feira. "Mas esse governo se posicionou contra Deus com suas práticas pagãs".

Muitas igrejas

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, disse no ano passado que ficou chocado com o alto número de igrejas em seu país da África Oriental e vem perseguindo e promovendo repressão contra os pastores, em um esforço para exercer mais controle, informou a Associated Press.

"700 igrejas em Kigali?", disse o presidente em março sobre as casas de culto na capital do país. "Esses poços (poços profundos) dão água às pessoas? Eu não acho que temos tantos poços. Será que temos tantos poços? Fábricas? Isso tem sido uma bagunça!”

A maioria das igrejas que foram fechadas, segundo a AP, eram pequenas casas de oração pentecostais nas quais os pregadores espalhavam o controverso evangelho da prosperidade aos seguidores empobrecidos.

Também foi introduzida nova legislação exigindo que os pastores tenham um mínimo de um diploma em teologia ou em qualquer área relacionada, a fim de pregar o Evangelho.

O Rev. Charles Mugisha, chanceler da African College Theology e pastor da New Life Bible Church em Ruanda disse que a nova política do governo para pastores é útil e que as igrejas devem respeitá-la.

“É uma grande conquista ter pastores, pregadores formados em cursos religiosos e relacionados à liderança. Agora somos capazes de participar do plano do governo para educar os líderes da igreja. As igrejas devem ter líderes bem equipados e competentes”, disse Mugisha ao The New Times.

Brandon Barnard, pastor de ensino da Igreja Bíblica da Irmandade nos EUA, também apoiou a mudança.
“Ruanda é forte e cresce rapidamente. Ter líderes e pregadores de igreja bem equipados tornará o país mais forte. Além disso, o desenvolvimento fortalecerá a igreja no país no sentido de servir as pessoas, pois elas apoiam os pobres e vivem em paz”, disse ele à publicação.

Vinte e cinco anos atrás, em 7 de abril de 1994, os hutus dominantes de Ruanda se voltaram com violência bem planejada contra a minoria tutsi, que eles consideravam traidores. Quase um milhão de pessoas, a maioria tutsis, foram mortas em 100 dias.

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