No universo acadêmico não restam dúvidas de que a Bíblia é, sim, um documento de valor histórico inestimável. O que para os seguidores do judaísmo e cristianismo é a Palavra de Deus escrita, pesquisadores de todo mundo reconhecem ser, também, o conjunto de registros mais bem preservado e confiável sobre a antiguidade.
Diante desse entendimento, o professor Di Gianne de Oliveira Nunes revolucionou a sua maneira de dar aulas de História no projeto Regime Fechado, Visão Aberta, que deu a ele o Prêmio Educador Nota 10 em 2017. “Não tem um dia que não me lembro desse episódio”, disse o educador.
Di Gianne dá aulas de História na EE Monsenhor Alfredo Dohr, cuja extensão são salas de aula dentro do presídio, e foi nesse contexto onde um dos alunos lhe perguntou que poderia usar a Bíblia como referência para ensinar a sua disciplina.
“Tudo começou quando percebi que havia mais bíblias do que livros de História e um aluno me perguntou se a bíblia podia ser usada como fonte histórica”, disse o professor.
“Fui mostrando a eles que era necessário separar o religioso da narrativa histórica. Fomos debatendo e criando um caminho com um início, meio e fim, até culminar na nossa apresentação final”, completou.
Di Gianne notou que uma vez retratado o conteúdo da sua disciplina através dos relatos da Bíblia, conseguiu despertar o maior interesse dos alunos. Aulas sobre o Egito, Babilônia, Grécia, Roma, Assíria e tantas outras regiões, povos e culturas, encontraram pleno respaldo nos registros do livro sagrado.
“Eles contavam que falavam sobre o projeto com seus parentes, que tinham mais assunto. Eu fui notando que aquilo tudo era uma semente do conhecimento e até a autoestima deles melhorou. Quando ganhamos o prêmio foi uma coisa de louco”, afirmou o docente.
“Esse projeto é totalmente replicável em outras escolas, eu mesmo já levei para outras cidades e até mesmo salas de aula em outros presídios”, acrescenta, segundo o portal Nova Escola.
Uma vez que a Bíblia também é um documento histórico, é perfeitamente aceitável que ela seja utilizada como referência na disciplina de História, algo que segundo Di Gianne é reconhecido até pelos alunos que não professam religião alguma.
“Queira ou não, até o aluno não religioso enxerga a Bíblia como um livro admirável pelo tempo que foi escrito e sua propagação até hoje. Eu lembro que dentro de sala de aula, na escola regular, já era possível fazer algumas ligações entre a narrativa histórica e passagens da Bíblia e o aluno gostava de saber disso e sentia uma proximidade com a matéria”, conclui o professor.
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