Em discursos, líderes de igrejas acusaram o governo de criar ambiente para ataques extremistas
Os cristãos na Nigéria convivem com constantes ataques de militantes fulani e do Boko Haram |
No dia 2 de fevereiro, cerca de 5 milhões de cristãos foram às ruas da Nigéria protestar contra o crescimento de ataques violentos aos seguidores de Jesus no país. A marcha foi organizada pela Associação Cristã da Nigéria (CAN, da sigla em inglês) como finalização da campanha de jejum e oração, iniciada em 31 de janeiro. “Em uma só voz, nós diremos não aos assassinatos, não à negligência da segurança e não à perseguição aos cristãos na Nigéria. Isto é um chamado para o despertamento do governo”, afirmou o presidente da CAN, Samson Ayokunle, ao site americano Christianity Today.
A situação de segurança da Nigéria está deteriorando, e a morte de cristãos é consequência de confrontos com pastores de cabra fulani e grupos extremistas como o Boko Haram. Uma das vítimas dos radicais foi o pastor Lawan Andimi. Após o sequestro, o presidente da CAN do estado de Adamawa foi decapitado, em 20 de janeiro. Ayokunle acredita que a grande participação na manifestação é consequência de uma grande frustração das pessoas por estarem vendo “o derramamento de sangue se tornar uma ocorrência diária”.
Dos 36 estados nigerianos, 28 foram palco da marcha. Entre os participantes estavam vários líderes cristãos do país. “O fato de que eles se levantaram, juntaram-se à chamada para o fim da violência, vai obrigar o governo a prestar atenção”, afirma Gideon Para-Mallam, embaixador africano da Irmandade Internacional de Estudantes Evangélicos. Durante o evento, os líderes das igrejas acusaram o governo de criar um ambiente favorável para que grupos radicais continuem a atacar os cristãos. A Nigéria ocupa o 12ª lugar na Lista Mundial da Perseguição 2020, com 80 pontos. Entre 1 de novembro de 2018 e 31 de outubro de 2019, a Portas Abertas contabilizou 1350 mortes de cristãos e 150 ataques às igrejas no território.