A morte de dois inocentes na prisão, por falta de assistência médica, pode ter acelerado decisão das autoridades
Os 42 cristãos foram presos acusados de participar do linchamento de supostos extremistas |
A Corte Antiterrorista (ATC, da sigla em inglês) em Lahore absolveu e ordenou a soltura de 40 cristãos que foram falsamente acusados de participar do linchamento de dois homens em Youhanabad, Paquistão. Em março de 2015, ao menos 15 pessoas foram mortas e outras 70 feridas durante o suicídio de dois homens-bomba na cidade, a maior área ocupada por cristãos do país. Os incidentes ocorreram durante as orações em duas igrejas, e provocaram fúria na população. Como consequência, dois homens foram incendiados pela multidão, que os acusaram de serem terroristas.
Em 2016, a ATC indicou 42 pessoas como responsáveis pelo ocorrido. Dois dos acusados morreram na prisão, provavelmente por falta de acesso a tratamento médico. Os 40 restantes foram libertos e puderam retornar para as famílias no dia 29 de janeiro de 2020. Um colaborador local reconheceu a dificuldade em ser seguidor de Jesus no país e que o caminho para a cura física, espiritual e emocional dos envolvidos no caso será longo. “Nós também refletimos sobre as vidas e as mortes dos irmãos. Se os dois cristãos não tivessem morrido, a libertação dos outros não teria acontecido. Os óbitos foram como catalisadores e tornaram-se meios de pressão por ação e justiça”, acredita.
O representante da Portas Abertas também acredita que as vítimas não imaginavam que o sofrimento delas provocaria a liberdade dos outros, e relembrou que nem sempre é possível usufruir do resultado da luta. “Esses homens sofreram, morreram e não viram os frutos da dor deles. Mas outras pessoas tiveram os benefícios dela. Eu vejo as impressões digitais de Jesus nisso”, testemunha. “Ore pelos cristãos libertos, pelas famílias e igrejas deles. Que Deus use a comunidade para servir os irmãos e as irmãs através da intercessão e de outras maneiras que forem necessárias nas próximas semanas e meses”, pede.