O Vaticano negou que há uma mudança na doutrina da Igreja Católica e disse que a fala do Papa Francisco sobre homossexuais foi tirada de contexto.
Papa Francisco na Via-Sacra em 2019. (Foto: Daniel Ibáñez/ACI Prensa) |
Em declaração sobre os comentários do Papa Francisco em apoio à união civil entre homossexuiais, o Vaticano disse que as falas do pontífice foram tiradas de contexto e não sinalizou uma mudança na doutrina da Igreja Católica em relação ao casamento gay.
Em uma carta enviada na última sexta-feira (30) pela Secretaria de Estado do Vaticano aos seus embaixadores em todo o mundo, o Vaticano disse os comentários feitos pelo Papa Francisco no documentário “Francesco”, dirigido pelo cineasta russo Evgeny Afineevsky, foram retirados de contexto.
A carta foi à público no domingo (1º) através do Facebook do embaixador do Vaticano no México, o arcebispo Franco Coppola. Um alto funcionário do Vaticano confirmou a autenticidade da carta à CNN.
“Há mais de um ano, durante uma entrevista, o Papa Francisco respondeu a duas questões diferentes em dois momentos distintos que, no referido documentário, foram editadas e publicadas como uma resposta única, sem a devida contextualização, o que gerou confusão”, diz a carta.
Em relação a fala do papa de que é preciso “uma lei de união civil”, o Vaticano justifica que Francisco falou sobre sua “oposição” a uma lei do casamento entre homossexuais na Argentina dez anos atrás, quando era arcebispo de Buenos Aires.
Nesse contexto, afirma a carta do Vaticano, o papa “falou sobre os direitos dessas pessoas a ter certa proteção legal”, mas não sobre o casamento entre homossexuais.
“É claro que o Papa Francisco se referia a certas disposições feitas pelos Estados, e certamente não à doutrina da Igreja, que ele reafirmou inúmeras vezes ao longo dos anos”, explica a carta.
No filme, o Papa também diz que “os homossexuais têm direito de estar em uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família”, o que foi interpretado como apoio de Francisco a casais do mesmo sexo formando famílias.
A carta afirma que o Papa estava falando sobre o fato de que “um filho ou filha com orientação homossexual nunca deve ser discriminado dentro da família”.
Após a estreia do filme em Roma, em 21 de outubro, Afineevsky disse à Associated Press que havia entrevistado pessoalmente o Papa para seu documentário.
No entanto, os jornalistas descobriram mais tarde que a filmagem da entrevista do Papa foi tirada de uma entrevista à rede mexicana Televisa, em 2019. Os comentários do Papa sobre as uniões civis, no entanto, não foram veiculados anteriormente.