Shapoor Ahmadi contou ao Guiame seu testemunho de conversão a Jesus e falou sobre o risco de viver em um país livre de perseguição religiosa.
Shapoor Ahmadi em ministração no Brasil, na Igreja Vivo Por Ti, em 2019. (Foto: Abikeila Queiroz/Vivo Por Ti) |
Shapoor Ahmadi, o iraniano que deixou o Islã para seguir a Cristo, conhece de perto o preço a ser pago por ser cristão. A perseguição religiosa é uma realidade distante para quem vive em países ocidentais, como o Brasil, mas que também apresenta seus riscos.
Fazendo uma comparação entre a liberdade e perseguição religiosa, Shapoor falou ao Guiame sobre os riscos e benefícios de ser cristão em um país livre. “O benefício é que no Ocidente temos liberdade para nos reunir, adorar em voz alta e carregar a Bíblia. No Irã, você não pode ter uma Bíblia em casa. Se você for pego com uma Bíblia, você pode ser preso”, afirma.
“Ninguém vai te prender se você disser a alguém ‘Jesus te ama’, ‘Jesus morreu na cruz por você’. A igreja pode usar prédios; algo que não podemos no Irã. Então, essas são as partes boas”, acrescenta Shapoor.
Por outro lado, o iraniano é enfático sobre a parte “perigosa” de ser cristão em uma nação livre: “Essa liberdade faz a igreja dormir”.
Ele explica: “Porque muitos cristãos não sabem o preço. Eles brincam com a Igreja. Eles vão ao culto de domingo, voltam para casa e não compartilham o Evangelho. Eles não querem dizer a ninguém o que Jesus fez por eles. Eles não querem valorizar o que a Palavra de Deus significa, eles nem mesmo abrem a Bíblia. Eles têm uma cruz aqui [no peito], mas eles não têm uma cruz lá [nas costas]. Eles não carregam a cruz, é apenas um símbolo”.
“Muitas pessoas se dizem cristãs, mas elas não nasceram de novo. Elas não querem seguir o caminho de Jesus. Esse é o perigo, porque elas podem dizer ‘eis-me aqui’, mas não são eficazes”, ele continua. “Jesus nos disse para ir ao mundo e fazer discípulos, mas hoje em dia a igreja está nas quatro paredes. Quando vão para fora não querem dizer nada, para que outras pessoas não zombem deles. Eles estão com medo”.
Shapoor também observa que, por causa desta sonolência, as igrejas podem viver outros enganos. “A igreja pode viver em pecado, a igreja não consegue pagar pelos missionários, a igreja mantém os crentes presos ali. Querem apenas construir um prédio grande e dizer ‘venham aqui’. Mas Jesus disse ‘venha a mim e vão ao mundo, e paguem um preço’”.
“No Ocidente, Deus vai te abençoar se você comprar tal coisa, a teologia da prosperidade está em todos os lugares. Mas esse não é o Evangelho. O Evangelho diz: talvez você possa perder sua vida por Cristo, você está pronto para pagar o preço?”, questiona.
Shapoor diz que, no Irã, logo quando alguém se converte ao cristianismo, um dos primeiros ensinos é baseado na graça e no ato de negar-se a si mesmo. “Talvez você seja rejeitado por sua família, amigos, trabalho, tudo. Você está pronto para pagar? A igreja ocidental não está fazendo discípulos. Eles talvez estejam procurando convertidos ou algo assim. Então, essas são algumas grandes diferenças”.
Avivamento no Irã
O Irã tem visto um crescimento explosivo do cristianismo, o que continuará sendo tendência para os próximos anos. De acordo com um levantamento feito pelo GAMAAN, um grupo de pesquisa com sede na Holanda, entre 50.000 iranianos (sendo 90% deles residentes no Irã), 1,5% se identificam como cristãos.
O instituto holandês analisou ainda que o número de cristãos no Irã é “sem dúvida na ordem de várias centenas de milhares e está crescendo além de um milhão”.
Para Shapoor, ver a expansão do Evangelho em seu país de origem é “emocionante”. Ele diz que “Jesus está aparecendo para as pessoas em sonhos e visões” em muitas ocasiões.
“Duas das minhas irmãs aceitaram a Cristo assim. Liguei para elas, elas não creram, continuamos orando e Jesus apareceu para elas. Elas se tornaram cristãs. 80% da minha família veio a Cristo no Irã”, conta. “Isso é emocionante, mostra que as promessas de Deus nunca falham. A palavra de Deus nunca volta vazia”.
Apesar das inúmeras prisões de membros de igrejas no Irã, Shapoor diz que os cristãos as encaram como uma oportunidade. “Quando esses líderes são presos, eles veem a prisão como uma igreja. Eles compartilham o Evangelho com os presos, com aquelas pessoas que ninguém gosta, e batizam pessoas ali”.
Ele menciona um amigo que, no primeiro mês de prisão, viu 20 detentos se entregando a Jesus. “Ele batizou os presos no chuveiro. E isso deixou o governo mais louco, eles não sabiam mais o que fazer com essas pessoas”, comenta. “Eles querem ir para a prisão e até ser mortos, porque eles querem ver mais pessoas indo para o céu”.
Mesmo estando na Inglaterra, Shapoor continua alcançando o mundo islâmico com o Evangelho através da Operação Promessas. Através do ministério de evangelismo da Mission24, ele atua com comunidades de refugiados em Liverpool e realiza conferências no Oriente Médio.
“Muitos anos atrás, muitas pessoas vieram da Inglaterra e de outras partes do mundo para o Irã. Acreditamos que agora Deus está enviando missionários para essas nações que estão dormindo”, disse. “Deus está nos enviando para trazer um avivamento aqui”.
Assista a entrevista completa: