Silvia Regina foi resgatada da Cracolândia através de missionários e hoje é graduada em Missões.
Silvia Regina foi resgatada da Cracolândia e se formou em Missões. (Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo|Fernanda Toyonaga/Facebook) |
A mulher que antes era conhecida como a “bruxa da Cracolândia” celebrou sua graduação em Missões no último sábado (28) pelo Centro Integrado de Educação e Missões (CIEM), no Rio de Janeiro.
Silvia Regina se envolveu com crimes, passou anos presa e viveu durante 14 anos na Cracolândia, no centro de São Paulo, aprisionada pelas drogas. Hoje, aos 63 anos, ela começa um novo capítulo em sua história e pretende levar o Evangelho aos perdidos, assim como ela foi alcançada.
“Eu quero proclamar a todo Brasil: a bruxa da Cracolândia de São Paulo está nesse dia sendo diplomada com um curso superior de formação missionária”, disse durante a cerimônia de colação de grau o pastor Fernando Brandão, diretor executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN) da Convenção Batista Brasileira.
“É possível se superar porque Jesus transforma e há esperança em Cristo. Ela está testemunhando ao Brasil e ao mundo que é possível em Cristo Jesus ir muito além, porque Ele é poderoso para fazer muito mais, além do que pedimos ou pensamos”, acrescentou o pastor Brandão.
Silvia Regina teve uma infância comum, criada por uma mãe solteira que anos depois se envolveu com um homem. A história de Silvia tomou um rumo diferente aos 9 anos de idade, quando, certo dia, o padrasto chegou bêbado em casa e agrediu sua mãe.
“Um dia ele derrubou minha mãe, e eu derrubei ele. Ele estava muito alcoolizado e acabou caindo. Eu ia machucá-lo. Minha cabeça era infantil, eu achei que [minha mãe] não gostava mais de mim, e fui para a rua”, relata Silvia à JMN.
Em seus dias na rua, Silvia diz que virou “trombadinha”, treinada por seu próprio pai. “Saí de um padrasto ruim para ir a um pai pior. Eu fiquei com raiva do mundo. Eu não gostava de nada e ninguém”.
Silvia viveu na criminalidade nas ruas até os 18 anos. Em 1975, quando tinha acabado de conceber sua filha, ela foi presa e só saiu da cadeia aos 43 anos. Foram 25 anos na cadeia.
Quando conquistou a liberdade, ela vagou por um tempo nas ruas até receber a proposta de trabalhar em uma fazenda no Mato Grosso do Sul, onde iria trabalhar na produção de crack. Ali ela recebeu dinheiro e também um novo vício, que a levou para o fundo do poço.
“Me joguei no crack. Estava no meio da Cracolândia e ali fiquei durante 14 anos da minha vida, usando crack, dormindo no chão, virei um nada. Acho que eu era menos que um lixo”, lembra.
Compaixão
Certo dia, a missionária Fernanda Toyonaga, que faz parte da Cristolândia, um projeto que resgata dependentes químicos das ruas, percebeu Silvia de longe. “As pessoas tinham medo dela, mas eu conversei como conversaria com qualquer outra pessoa”, conta Fernanda.
Silvia lembra emocionada da abordagem. “Ela chegou, me deu um abraço e disse que Jesus me amava. Depois que a Fernanda me deu um abraço, ela começou a me rodear mais vezes”.
A insistência de Fernanda em expressar o amor de Deus foi suficiente para convencer Silvia a se tratar na Cristolândia. “As pessoas passam e não percebem que ali tem alguém precisando de ajuda”, diz a missionária. “Essas pessoas estão perdidas e precisam ser alcançadas, e não podemos deixar as oportunidades passarem”.
Ao contar seu testemunho à Igreja Batista do Bacacheri, em 2018, Silvia agradeceu a Deus pelo processo de transformação em sua vida. “Se não fosse pelo grande amor de Deus, eu ainda estaria no pecado”, disse ela.
“Deus restaura vidas. Ele me devolveu tudo o que era meu. Devolveu minha filha, meus netos, meus dois irmãos”.
Assista a cerimônia de formatura completa: