O pastor Elias Marcelo Caetano, presidente da Missão Mãos Estendidas (MME), relatou com exclusividade ao Guiame suas experiência em viagem recente à África.
Pastor e missionário Elias Caetano pregando na aldeia de Chizizira, em Moçambique. (Foto: Missão Mãos Estendidas) |
Uma ação social com doação de alimentos se tornou uma oportunidade de pregar o Evangelho na semana passada na aldeia de Chizizira, na província de Sofala, centro de Moçambique. Pelo menos 12 jovens aceitaram a Jesus e, dias depois, mais 5 pessoas tomaram a decisão por Cristo — incluindo uma feiticeira da região.
O pastor Elias Marcelo Caetano, presidente da Missão Mãos Estendidas (MME), visitou a aldeia localizada em Tica, no distrito de Nhamatanda, na terça-feira passada (24), para distribuir 3 toneladas de milho aos habitantes locais.
Em entrevista ao Guiame, o pastor Elias diz que a pandemia de Covid-19 potencializou a situação da fome na África e muitas comunidades pobres têm necessitado do básico. “É uma situação gritante e as doações acabam minimizando o sofrimento desse povo”, explica.
Chegando na região de Tica, o pastor se deparou com alguns desafios. Um deles é a propagação da bruxaria e do islamismo, que têm “comprado” novos seguidores através da doação de comida.
“Os muçulmanos têm investido na distribuição de alimentos, mas para que as pessoas recebam as doações, elas têm que se converter ao islamismo”, relata o pastor. “O que é diferente do nosso caso. Nessa ação evangelística e social que fizemos, por exemplo, distribuímos alimentos para todos os habitantes da aldeia, e não apenas para os cristãos”.
Como fruto da generosidade que não exige nada em troca, alguns moradores da aldeia de Chizizira se interessaram em ouvir o que o pastor Elias tinha a dizer. “Entendi que as pessoas estavam ali porque estavam com fome e queriam o milho”, observa.
Ainda assim, Elias aproveitou a oportunidade e compartilhou o Evangelho de Jesus. Enquanto falava, ele notou que os jovens ouviam muito atentos. “Quando eu fiz um apelo à salvação, primeiro foi um, e isso fez com que outros tomassem a decisão. Naquela tarde, 12 pessoas se entregaram a Jesus. Houve um ambiente de manifestação de Deus naquele culto e vimos jovens sedentos e que estavam bebendo da palavra”, conta.
Depois do impacto evangelístico na terça, todas as doze pessoas que aceitaram a Jesus foram ao culto no domingo (29). Além delas, outras 5 pessoas aceitaram Jesus durante a reunião na igreja.
Uma delas era Teresinha Domingos, uma ex-feiticeira que foi impactada pela mensagem durante a ação social, mas aceitou Jesus no culto de domingo. A informação foi compartilhada pelo pastor Manuel Ernesto Mulape, que irá visitá-la nos próximos dias para iniciar um discipulado.
“Louvamos a Deus porque o Evangelho está avançando naquela região e podemos ver um aumento de cristãos”, celebra o pastor Elias, notando também o desafio de alcançar pessoas que têm se tornado muçulmanas à força e que seguem religiões tradicionais africanas.
Desafios na África
Há mais de 20 anos atuando em países como Moçambique, Malawi, Zimbábue e Zâmbia, a Missão Mãos Estendidas nasceu com o compromisso de alcançar as comunidades que vivem nas piores condições de miséria na África.
Em sua primeira viagem à África desde o início da pandemia, o pastor Elias viu de perto a necessidade das pessoas que vivem em Moçambique, um dos países atendidos pela MME.
“A condição atual é precária e se tornou mais difícil por causa das restrições governamentais pela Covid-19”, explica o pastor. “O preço dos alimentos subiram, a oferta de trabalho diminuiu porque empresas fecharam. Mesmo antes o trabalho já era escasso — mais de 80% da população não têm um trabalho formal”.
“Apesar de Moçambique não ter muitos casos de coronavírus, o governo está sendo restritivo e a situação para o povo piorou”, acrescenta Elias. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, Moçambique tem 15.770 casos de Covid-19 em uma população de 29,5 milhões de pessoas. Foram registradas 131 mortes pelo vírus.
Elias destaca a importância das doações neste momento pelo aumento da necessidade de comida. “A situação para os mais pobres, que é a grande maioria, está delicada. As pessoas precisam do básico, precisam do milho e do arroz. Sabemos de regiões em que as pessoas estão procurando as raízes das árvores para comer por causa da falta de alimento”, lamenta.
Seguindo viagem, Elias visitou também a cidade de Beira, capital da província de Sofala. Na ação, foram distribuídos mais 2250 quilos de alimentos no distrito de Búzi. “Para o alimento chegar lá, tivemos que alugar caminhão, barco e até carro de boi, mas o alimento chegou. Glória a Deus”, relata o pastor.
Para o mês de dezembro, a MME pretende continuar com mais distribuições de alimentos, bem como de medidores de temperatura, para que as igrejas cumpram a regulamentação do governo e voltem a funcionar em Moçambique.
Doações
Para aqueles que desejarem ajudar nas distribuições de alimentos que a MME está fazendo, acesse o site: mmeafrica.org