O fechamento dos templos se tornou uma pauta de discussão entre as igrejas do Reino Unido, diante da variante mais contagiosa da Covid-19.
Anthony Costello durante coletiva de imprensa em Genebra, em 2016. (Foto: Reuters) |
Depois que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou um novo lockdown na Inglaterra na segunda-feira passada (4), o fechamento de igrejas voltou a ser discutido como forma de conter a variante mais contagiosa do coronavírus identificada recentemente no Reino Unido.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que a disseminação da Covid-19 está “fora de controle” e declarou um estado de emergência. O Instituto Nacional de Estatísticas Britânico estimou recentemente que um em cada 30 londrinos estão infectados, mas Khan acredita que o número pode chegar a um em cada 20 em algumas partes de Londres.
Embora as igrejas já estejam seguindo protocolos rígidos de saúde, o ex-diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu que todos os locais de culto sejam fechados.
Anthony Costello, que também é professor de saúde global da University College London (UCL), disse ao jornal britânico Mirror que apenas “uma repressão total” seria suficiente para deter o vírus.
“Não devemos ter berçários abertos, sinagogas, igrejas, mesquitas. Devíamos ter uso compulsório de máscaras, distanciamento de dois metros”, disse ele. “Temos que levar isso muito a sério — foi o que os países asiáticos fizeram”.
O fechamento dos templos se tornou uma pauta de discussão entre as igrejas do Reino Unido. Algumas igrejas decidiram fechar suas portas por causa do alto número de infectados pela Covid-19, enquanto outras decidiram continuar ativas.
A Igreja da Inglaterra, que é anglicana, e a Sociedade de Igrejas Evangélicas Independentes, deixaram a decisão por conta das igrejas. Já a União Batista da Grã-Bretanha disse às suas igrejas para fecharem, enquanto a Igreja Católica incentivou os locais de culto a permaneçam abertos.
Na Escócia, todas as igrejas foram fechadas, enquanto na Irlanda do Norte, as quatro denominações principais — católica, anglicana, presbiteriana e metodista — tomaram a decisão de fechar.
Igrejas estão na ‘linha de frente’
O reverendo Paul Burns, da Kings Christian Fellowship Church, na Irlanda do Norte, disse ao Premier Christian News que a igreja está “na linha de frente” e precisa continuar aberta para apoiar as pessoas que precisam.
“A melhor opção para nós é permanecer abertos nas comunidades e continuar fazendo o que temos feito, para trabalhar com as questões de saúde mental”, disse Burns.
“Eu mesmo, tenho que tomar remédio para pressão e tenho asma crônica desde criança. Por isso, tenho que ter muito cuidado também. Mas eu ainda me coloco lá fora e faço a obra de Deus”, destacou.
“Basicamente, somos a linha de frente para ajudar aqueles com problemas de saúde mental. Não sou contra o que o governo está dizendo, o que estou dizendo ao governo é para trabalhar com a igreja, e podemos trabalhar juntos para garantir que possamos estabilizar a situação”.
Um porta-voz do Ministério da Habitação, Comunidades e Governo Local (MHCLG) disse que não houve mudança na orientação do governo, que apoiou a abertura de igrejas no novo lockdown.
“As comunidades religiosas oferecem apoio e consolo nestes tempos estressantes, e têm trabalhado duro para garantir que consigam fazer isso com segurança, seguindo as orientações da Covid para locais de culto”, disse o porta-voz.
“De acordo com as diretrizes nacionais, os locais de culto podem permanecer abertos para o culto comunitário e a oração individual, desde que sigam diretrizes estritas de distanciamento social”, acrescentou.