Dinamarca pode exigir que igrejas apresentem sermões ao governo

 Líderes religiosos dizem que o projeto de lei de tradução dos sermões pode afetar a liberdade religiosa em toda a Europa.

Igreja de St. Albans, do século 19, no Parque Churchill de Copenhagen. (Foto: Reuters)

Igrejas expressaram profunda preocupação com um projeto de lei proposto na Dinamarca, que exige que sermões de todas as religiões sejam traduzidos para o dinamarquês e apresentados ao governo.

A proposta será debatida ainda em fevereiro pelo Folketing, o Parlamento Dinamarquês. O governo disse que o objetivo é “aumentar a transparência dos eventos religiosos e sermões na Dinamarca, quando são proferidos em um idioma diferente do dinamarquês”.

O projeto visa especialmente os grupos islâmicos radicais, já que a maioria dos sermões pregados nas mesquitas é em árabe. Há uma preocupação crescente do governo com o aumento do extremismo islâmico entre os 270 mil muçulmanos que vivem na Dinamarca. 

O bispo da Igreja da Inglaterra na Europa, no entanto, acredita que o projeto de lei pode ameaçar a liberdade religiosa também entre cristãos. Ele teme que a lei seja reproduzida em outros lugares da Europa, minando a liberdade das minorias religiosas.

Robert Innes disse ao jornal britânico The Guardian que concorda com “a pretensão do governo dinamarquês de garantir a segurança e proteção”, “mas exigir a tradução dos sermões para a língua nacional vai longe demais”.

Innes escreveu ao primeiro-ministro dinamarquês, Mette Frederiksen,  sugerindo que o governo atue em cooperação com as organizações religiosas, em vez de recorrer a leis que interfiram em suas liberdades. “Minha verdadeira preocupação é que, se os dinamarqueses fizerem isso, outros países poderão copiar”, afirmou.

Uma série de igrejas europeias também expressou preocupação, incluindo a Igreja Evangélica Luterana na Dinamarca, a Federação Luterana Mundial, a Comissão Católica Romana das Conferências Episcopais da União Europeia e a Conferência das Igrejas Europeias.

“Este não é um incidente isolado. Acho que precisamos estar alertas à invasão de nossa liberdade de praticar nossas religiões. Aos poucos, grupos minoritários estão sendo tratados com suspeita crescente”, conclui Innes.

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