Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos na Turquia

Os cristãos turcos enfrentam paranoia ditatorial, opressão islâmica e nacionalismo religioso.

Hagia Sophia, uma igreja em Istambul, foi transformada em mesquita pelo governo turco.

A República da Turquia é um país euro-asiático e um dos seis estados independentes cuja população é maioritariamente turca. O nacionalismo religioso da nação chama a atenção pela força e constante crescimento. E esse cenário não é favorável aos cristãos.

O governo tem como alvo cristãos estrangeiros e chegou ao absurdo de banir os estrangeiros que são casados com cidadãos turcos — e que têm filhos com cidadania turca. A atmosfera de crescente nacionalismo deixa pouco espaço para qualquer um proclamar uma mensagem diferente, e os cristãos precisam tomar muito cuidado em compartilhar a fé com os outros, pois podem despertar suspeitas. 

Aqueles que se converterem do islã ao cristianismo provavelmente enfrentarão oposição e pressão da família e comunidade local. A filiação religiosa em documentos de identidade pode ser legalmente alterada, mas o processo pode ser estressante e difícil. Mesmo mudar de uma denominação para outra pode ser problemático. 

Essa mistura do islã e do nacionalismo também afeta cristãos de origens não muçulmanas, por exemplo, minorias étnicas como gregos, armênios e sírios. Eles mal são reconhecidos como membros plenos da sociedade turca.

Tipos de perseguição aos cristãos

Os mais evidentes são paranoia ditatorial, hostilidade etno-religiosa, opressão islâmica, nacionalismo religioso e opressão do clã. Mas os cristãos também têm acesso limitado ao emprego estatal e experimentam discriminação no setor privado, especialmente quando os empregadores têm laços com o governo. Uma vez que a filiação religiosa ainda é registrada nos documentos de identidade antigos e no chip eletrônico dos novos, é fácil discriminar candidatos cristãos.   

Os cristãos ex-muçulmanos experimentam maior oposição nas áreas rurais da Turquia. Consequentemente, alguns deles se mudam para lugares urbanos para poderem viver com mais liberdade.

Direção islâmica e nacionalista

A redefinição de duas igrejas históricas, que passaram de museus a mesquitas durante o verão de 2020, reforçou o crescente nervosismo entre os cristãos sobre a direção islâmica e nacionalista que o país está tomando. 

Em julho, o presidente Recep Tayyip Erdogan declarou que a Hagia Sophia em Istambul – uma igreja construída no século VI e convertida em uma mesquita no século XV, depois transformada em museu em 1935 – seria novamente transformada em mesquita. Duas semanas depois, o prédio foi aberto para orações muçulmanas.  

De acordo com a Associação de Igrejas Protestantes, desde janeiro de 2019, quase 60 estrangeiros – muitos que trabalham na Turquia como pastores ou líderes comunitários – foram orientados a sair ou não foram autorizados a voltar ao país.  

Homens e mulheres que se decidem por Cristo

Apesar do sistema legal turco dar direitos iguais a homens e mulheres, ainda espera-se que as mulheres tragam honra às famílias em suas escolhas matrimoniais, de relacionamentos e carreira. As mulheres ex-muçulmanas podem enfrentar a rejeição da família ou serem proibidas de se encontrar com outros cristãos. Dado o atual renascimento do islã no país, é provável que as mulheres também enfrentem uma pressão crescente para atender às regras islâmicas sobre vestimenta e conduta.

Na Turquia, espera-se que os homens sejam defensores do islã e da cultura turca. O não cumprimento dessa expectativa cria uma pressão que pode impedir que os homens pisem em uma igreja. O serviço militar é obrigatório no país. Se a religião cristã é registrada no documento de identidade de alguém, é provável que seja vista com desconfiança pelos superiores.

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