O cantor gospel Welington Camargo falou à revista Quem sobre fé, música e relembrou sua experiência com Deus durante sequestro.
Welington Camargo, irmão de Zezé Di Camargo e Luciano. (Foto: Reprodução/Instagram) |
Welington Camargo também seguiu carreira na música, assim como seus irmãos, Zezé Di Camargo e Luciano. A diferença está na mensagem das canções, que falam sobre sua fé cristã.
“Eu sempre tive vontade de cantar gospel. Sou cristão desde os 16 anos, mas por um tempo compus e cantei música secular. Até que resolvi cantar só música cristã. Não fazia mais sentido para mim cantar outra coisa. E graças a Deus, ao meu talento e a força de vontade tenho sido muito bem recebido”, disse Welington em entrevista à revista Quem.
Paraplégico desde os dois anos, o cantor venceu suas limitações físicas e está preparando seu sexto álbum, após já ter celebrado a marca de 3 milhões de cópias vendidas de seus CDs.
A trajetória de Welington é marcada não só pela superação física e pela carreira musical, como também por seu sequestro em 1998, que aconteceu durante o auge do sucesso de Zezé Di Camargo e Luciano.
Em 94 dias em cativeiro, ele teve a orelha cortada e passou momentos de aflição. Depois de uma negociação finalizada em mais de meio milhão de reais, Welington revela que foi sustentado por sua fé durante o sequestro.
“Não precisei de psicólogo depois do sequestro porque sempre acreditei e conversei muito com Deus. Durante o sequestro, orei muito e tinha resposta em sonhos. Deus me dizia que eu sairia de lá. Eu tinha tudo para morrer ali. Geralmente, em sequestros longos como o meu, as vítimas são assassinadas. No dia em que eles cortaram a minha orelha, a intenção deles era me matar. Eu escutava eles conversando se deviam me enforcar, dar um tiro... Mas não tive medo de morrer porque Deus falou que ia ficar tudo bem”, relembra.
“As pessoas acham uma loucura, mas enquanto cortavam a minha orelha, eu vi anjos. Fiquei ali estático e olhando. Nem senti dor. Deus viu que ao acontecer algo com um servo Dele, mandou os anjos para me guardar. Até o corte foi superficial. Fiquei por alguns dias surdo do ouvido esquerdo porque o sangue tinha secado, mas assim que removeram, voltei a ouvir normal. Depois que Deus deu o filho dele, Jesus, para morrer por mim na cruz, esse foi o momento que mais senti o amor de Deus.”
Esta experiência transformou Welington em um novo homem. “Ninguém que passa por isso é a mesma pessoa. Passei a olhar para as pessoas com mais amor e procuro perdoar... Eu cheguei a falar para os bandidos que perdoava o que eles tinham feito, que só queria a Justiça”, afirma.
O cantor, que é pai de quatro filhos, também aprendeu o valor de dizer “eu te amo” a seus familiares. Ele fazia o mesmo com seu pai, Francisco, que morreu no ano passado.
“Era um relacionamento muito bom. Não tinha um dia em que eu não ligava para ele e dizia que o amava. Eu ligo sempre para meus irmãos também para dizer ‘eu te amo’. Por isso, não chorei de arrependimento a morte do meu pai, chorei pela tristeza da perda. Ainda estou abalado. Meu pai me deu forças em tudo que eu fiz, assim como a minha mãe. Meu pai foi o nome da família e minha mãe é o alicerce”, observa.
Welington conta que, depois do sequestro, passou a ter uma vida mais reservada. “Passei a andar com segurança armado e hoje moro em condomínio fechado. Ninguém sabe onde eu moro, só família. Preservo meus filhos também. Não tem como esconder, mas procuro evitar pelo que aconteceu comigo. Sou uma pessoa que ama estar no meio do povo, mas tenho que me privar de algumas coisas por causa dessa experiência”, afirma.