A onda de violência começou em resposta a vídeos que mostram agressões entre palestinos e judeus.
Jerusalém teve noite de confrontos entre judeus e palestinos. (Foto: Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency/Getty Images) |
Dezenas de pessoas ficaram feridas em uma “noite de caos” em Jerusalém entre ativistas judeus, policiais israelenses e palestinos, como resultado do aumento das tensões nos últimos dias.
Pelo menos 44 pessoas foram presas e 20 oficiais ficaram feridos durante confronto entre palestinos irritados com as restrições do Ramadã e judeus que realizaram protestos nas proximidades.
Em retaliação pelos confrontos em Jerusalém, militantes palestinos na Faixa de Gaza dispararam pelo menos 10 foguetes contra Israel na sexta-feira (23) e no início do sábado, no pior surto transfronteiriço em meses.
Alguns dos mísseis foram interceptados pelas defesas aéreas israelenses e outros caíram perto da fronteira de Gaza. A Frente Palestina para a Libertação da Palestina assumiu a responsabilidade por alguns dos disparos e o Hamas alertou Israel para “não testar” sua paciência.
Os palestinos têm entrado em confronto com a polícia israelense todas as noites desde o início do mês sagrado muçulmano do Ramadã. As tensões começaram quando a polícia colocou barricadas fora do Portão de Damasco da Cidade Velha, onde os muçulmanos tradicionalmente se reúnem para aproveitar a noite após o jejum diurno.
No final da quinta-feira (22), centenas de palestinos atiraram pedras e garrafas contra a polícia, que disparou um canhão de água e granadas de atordoamento para dispersá-los. Dezenas de palestinos ficaram feridos na confusão.
Enquanto isso, um grupo judeu conhecido como “Lahava” liderou uma marcha em direção ao Portão de Damasco, pedindo a saída dos árabes. O protesto veio em resposta a vídeos que circularam no TikTok, mostrando palestinos batendo em judeus religiosos. Outros vídeos, feitos em resposta a eles, mostram judeus atacando árabes.
A polícia usou barricadas de metal para deter os manifestantes no Portão de Damasco. Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram confrontos e incêndios menores em outras partes da cidade.
Imagens mostraram um grupo de palestinos espancando um judeu ultraortodoxo perto do Portão de Damasco. Eles foram filmados socando, chutando e jogando o judeu no chão antes que a polícia os expulsasse.
Na sexta-feira (23), dezenas de palestinos marcharam em direção à entrada da murada Cidade Velha de Jerusalém e entraram em confronto com a polícia israelense, que disse que os manifestantes atiraram pedras e outros itens nos policiais. Seis palestinos ficaram feridos e dois hospitalizados.
O comunicado da polícia não especifica se os presos são palestinos ou judeus e não faz referência a nenhum caso específico de violência.
Israel conquistou Jerusalém Oriental na guerra de 1967 e anexou esta parte da cidade em um movimento não reconhecido pela maioria da comunidade internacional. Os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja a capital de seu futuro Estado — questão que tem impedido o processo de paz na região.
A embaixada dos Estados Unidos disse estar “profundamente preocupada” com a violência dos últimos dias. “Esperamos que todas as vozes responsáveis promovam o fim do incitamento, um retorno à calma e o respeito pela segurança e dignidade de todos em Jerusalém”, disse o comunicado.