Casal cristão no corredor da morte há 8 anos é absolvido no Paquistão

Os cristãos Shafqat Emmanuel e Shagufta Kausar foram acusados falsamente de blasfêmia contra o profeta Muhammad em 2013.

Shafqat Emmanuel e Shagufta Kausar foram acusados ​​de enviar textos blasfemos a um clérigo islâmico. (Foto:Family Handout).

Depois de passar oito anos no corredor da morte, um casal cristão acusado de blasfêmia foi absolvido e libertado pelo Tribunal Superior de Lahore, no Paquistão, nesta quinta-feira (3).

Os cristãos Shafqat Emmanuel e Shagufta Kausar foram acusados falsamente de blasfemar contra o profeta Muhammad em mensagens de texto, em 2013. O líder de uma mesquita islâmica, Maulvi Mohammed Hussain, afirmou que Emmanuel enviou mensagens de texto a ele pelo celular da esposa, insultando o profeta Mohammed.

As mensagens foram apresentadas em inglês, uma língua que o casal cristão não conhece. Mesmo assim, Emmanuel e Kausar foram acusados de “insultar o alcorão” e “insultar o profeta”.

O casal sempre declarou sua inocência. Emmanuel relata que foi torturado na prisão para fazer uma confissão falsa. Somente agora, depois de oito anos, os cristãos foram inocentados e libertados da prisão pelo tribunal.

O advogado do casal, Saif-ul-Malook, disse ao International Christian Concern (ICC), um ministério que monitora a perseguição no mundo, que estava "muito feliz em obter justiça para o casal".

Acusações de blasfêmia no Paquistão

Acusações de blasfêmia contra cristãos e outras minorias são comuns no Paquistão. Na cultura paquistanesa, blasfemar é legalmente um crime grave e pode levar à pena de morte.

De acordo com defensores dos direitos humanos, as leis de blasfêmia costumam ser usadas para fazer falsas acusações contra cristãos, motivadas por questões pessoais e vingança.

Apesar dos casos de blasfêmia geralmente resultarem em absolvições, podem levar anos até chegarem aos tribunais e, mesmo depois dos acusados serem absolvidos, os réus ​​são forçados a se esconder por causa de ameaças de morte. Foi o caso da cristã Asia Bibi, que precisou pedir asilo para ela e a família no Canadá, ao ser libertada após quase uma década no corredor da morte, em condições terríveis.

O gerente regional do ICC, William Stark, disse que foi "ótimo ver um caso de blasfêmia tão prolongado resolvido com justiça", mas afirmou que o casal continua inseguro, assim como outros cristãos que correm o risco de falsas acusações de blasfêmia no país.

Stark reivindica uma reforma urgente nas leis de blasfêmia no Paquistão. "Continuamos profundamente preocupados com a segurança do casal cristão e de sua família. Extremistas no Paquistão são conhecidos por terem como alvo indivíduos acusados ​​de crimes religiosos, como blasfêmia, mesmo depois de terem sido absolvidos. O abuso das leis de blasfêmia do Paquistão deve ser coibido e as falsas alegações devem ser erradicadas e punidas”, pediu.

E concluiu: "Muitas vezes essas leis têm sido uma ferramenta nas mãos de extremistas que buscam incitar a violência de motivação religiosa contra as minorias”.

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