Depois que as tropas americanas deixaram o país, as minorias religiosas ficaram ainda mais vulneráveis.
Milicianos afegãos durante uma reunião em Cabul, Afeganistão, em 23 de junho de 2021. (Foto: AP Photo Rahmat Gul) |
Agora que as tropas dos EUA deixaram o Afeganistão, os cristãos estão pedindo orações, pois eles e outras minorias religiosas se encontram como alvos fáceis de terroristas.
“A retirada dos soldados tornará essas comunidades vulneráveis ainda mais vulneráveis. Simples assim”, disse Michael Kugelman durante uma audiência recente realizada pela Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF).
Kugelman atua como Diretor Adjunto do Programa da Ásia, no Wilson Center, e afirmou que as condições de segurança falharam com as minorias religiosas, num momento em que terroristas islâmicos atacam violentamente o país.
"Todos eles [minorias religiosas] estão sob ataque bastante sério de grupos extremistas, especialmente do Estado Islâmico e do Talibã", disse o comissário da USCIRF, Fred Davie, em uma entrevista ao CBN News.
Algumas minorias beiram à extinção
Para citar um exemplo, a população sikh está quase extinta, caindo de 250 mil em 1990 para apenas 200, nos dias de hoje. Os sikhs fazem parte de uma minoria étnica que acredita em karma, encarnação terrestre e evolução espiritual, crenças herdadas do hinduísmo.
“É devastador. E as casas de culto dos sikhs são constantemente destruídas”, continuou Davie. O sikhismo possui em torno de 27 milhões de adeptos no mundo, sendo que a maioria (83%) se concentrava na Índia. Milhões deles tiveram que migrar para países diferentes. As correntes migratórias incluem Canadá, Reino Unido, Estados Unidos, alguns países da África e, mais recentemente, Austrália.
“Mulheres e meninas ficam traumatizadas. As jovens não podem contar com uma educação e muitas se preocupam com o seu futuro”, disse o Dr. Jagbir Jhutti-Johal, que é professor sênior de Estudos Sikh na Universidade de Birmingham.
O perigo da islamização
Agora que as tropas americanas foram retiradas da região, a comissão recomenda proteções injetadas pelos EUA para a liberdade religiosa nas negociações de paz entre o Talibã e o governo afegão.
O Departamento de Estado sugere que o Afeganistão seja acrescentado à sua Lista Especial de Vigilância por tolerar violações da liberdade religiosa. “Quando o Talibã fala sobre a islamização do país, as pessoas precisam entender o perigo que isso significa para as minorias”, disse o Dr. Jhutti-Johal durante a audiência da USCIRF.
Enquanto os militares americanos guardavam seus equipamentos, antes de partir, os líderes se mostraram céticos em sua avaliação quanto à vida daquelas pessoas no Afeganistão, após a retirada dos EUA.
“As condições aqui no Afeganistão não são boas, é possível que no futuro haja um impulso para a tomada militar”, disse o general do exército dos EUA, Austin Scott Miller, à ABC News, um pouco antes da retirada total das tropas.
Até o momento, o acordo mediado pelos EUA não levou à paz naquela nação. Os defensores da liberdade religiosa esperam que eles continuem de olho na situação para tentar ajudar de alguma forma.
Situação dos cristãos no Afeganistão
O Afeganistão ocupa o segundo lugar na Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas. Isso significa que é um dos lugares mais perigosos do mundo para um seguidor de Cristo, ficando atrás somente da Coreia do Norte.
Deixar o islamismo é considerado vergonhoso e os cristãos ex-muçulmanos enfrentam terríveis consequências se a nova fé for descoberta. A solução é fugir do país para não morrer.
“Só Deus sabe como sobrevivemos diariamente. Ele sabe porque foi gentil em morar conosco. Mas estamos cansados de tanta morte ao nosso redor”, disse um cristão secreto que vive no Afeganistão.
A nova liderança do Talibã, que está ainda mais inclinada para visão islâmica radical, tem reforçado sua campanha pelo controle de áreas. A extrema violência usada por grupos relacionados ao Estado Islâmico se traduziu em um número ainda maior de pessoas sendo mortas em ataques ou desalojadas.
A pequena comunidade cristã que já enfrenta todas as dificuldades comuns do país, fica ainda mais vulnerável por ser parte da “religião do inimigo”. Em poucas palavras, o cristianismo não é aceito no Afeganistão, definitivamente.