Até agora, foram confirmadas 10 mortes e dezenas de pessoas ficaram feridas.
Momento em que um pedaço da parede do cânion de Furnas se desprendeu, em Capitólio, Minas Gerais. (Foto: Captura de tela/CNN News) |
O acidente ocorrido no último sábado (8), em Capitólio, por causa de um pedaço da parede do cânion de Furnas que se desprendeu e atingiu as embarcações, já conta com 10 mortes e dezenas de feridos até agora, conforme o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
O deslizamento aconteceu por volta das 12h30, no condomínio Escarpas do Lago, tradicional ponto turístico de Capitólio e atingiu quatro barcos. Sobreviventes agradecem a Deus pela vida.
Um deles é o jornalista Alexandre Campello, editor da TV Assembleia de Minas Gerais, que agradeceu pelas mensagens e orações de todos e disse que sua família “nasceu de novo”.
Campello estava numa das lanchas com sua esposa Ana Martins, dois filhos pequenos, sobrinhos e outros familiares. De acordo com informações do IG, todos sobreviveram ao acidente, mas ficaram feridos e precisaram de cuidados médicos.
“Nascemos de novo pelas mãos de Deus”
“Passando para agradecer todas as orações e palavras de carinho diante da tragédia que vivenciamos em Capitólio. Graças a Deus, passado o susto e o devido atendimento de emergência, posso dizer que estamos todos bem”, escreveu em seu Facebook.
“Apesar das fraturas, nenhum de nós teve sequela mais grave. Nascemos de novo pelas mãos de Deus. Muito obrigado a todos”, continuou.
Kelly Rosa, de 40 anos, por sua vez, viveu um livramento por causa de uma parada para ir ao banheiro. “Estávamos na lateral (da rocha), chegamos no local do acidente uns dez minutos depois do ocorrido”, ela contou.
“Antes do cânion há uma parada chamada Lagoa Azul (um tipo de pier com serviços) e nosso lancheiro não queria parar porque era um lugar muito cheio. Meu marido, porém, ficou com muita vontade de ir ao banheiro, e pediu que ele parasse”, relatou.
“Graças a Deus fizemos essa pausa de 15 minutos, ou estaríamos no lugar no momento exato em que tudo aconteceu”, ela disse.
Outros relatos
Outra sobrevivente, Daniele Teixeira Cardoso, disse que viu os barcos passando por cima das pessoas. “Nunca pensei que eu fosse passar uma situação dessas, coisa de filme. Assustador, é um troço desesperador, a luta pela vida”, relatou a servidora pública.
“Quando a gente percebeu que as pedras estavam caindo, a gente pediu para o piloto dar a volta e ele conseguiu, mas uma pedra o atingiu e ele desmaiou, foi o que ficou mais machucado”, ela disse.
Sobre a tragédia
A região sofreu com um período de chuvas de mais de vinte dias. Conforme o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o tenente Pedro Aihara, as fortes chuvas podem ter relação com o acidente.
Ele alertou para o risco de outras ocorrências. “É possível que haja novos acidentes, porque a água das chuvas penetra nas rochas, que têm menor resistência à ação da água e de vento”, afirmou.
A área onde ocorreu o deslizamento é um cânion. Ou seja, um vale profundo cercado de rochas que formam uma espécie de paredão natural. Em entrevista à CNN, Aihara afirmou que as visitas a áreas rochosas devem ser evitadas em épocas com altos índices de chuvas.
Ainda de acordo com o tenente, a maneira como a rocha caiu é atípica. “A forma de escorregamento não costuma ser para frente, é como se fosse uma fatia de um pedaço de uma torta escorregando naturalmente. Mas essa estrutura caiu como um dominó. A parte lá de cima que cai numa trajetória perpendicular intensificou o dano que as embarcações sofreram”, ele disse.
Também em entrevista à CNN, o prefeito de Capitólio, Cristiano Silva, disse que “querer apontar um culpado agora é injustiça”, e tratou o episódio como uma fatalidade inédita para a região.