Tobias Tissen chegou a ser preso por realizar cultos ao ar livre durante a pandemia. Agora ele protesta contra a obrigatoriedade do passaporte da vacina.
Pastor Tobias Tissen. (Foto: Captura de tela/Instagram Tobias Tissen) |
O pastor canadense Tobias Tissen, de Steinbach, Manitoba, no Canadá, que chegou a ser preso por realizar cultos durante as restrições por Covid-19, viajou com alguns de seus amigos para cantar “Amazing Grace” na fronteira entre Estados Unidos e Canadá.
A ação foi realizada no último domingo (31) enquanto dezenas de milhares de caminhoneiros canadenses se reuniram em Ottawa para protestar contra o passaporte da vacina.
“Antes, eu precisava só do meu passaporte canadense para cruzar a fronteira, agora isso não é o suficiente”, disse ao se referir à obrigatoriedade do novo “passaporte” que comprove a vacinação durante a pandemia.
“A Igreja é essencial”
Ao cantar o clássico hino cristão [Amazing Grace] com alguns amigos, o pastor apontou para uma placa que dizia: “A Igreja é essencial” e para outra com a frase “A justiça de Deus está chegando”.
“Enquanto estamos aqui, queremos fazer algo relevante. Quero fazer algo que talvez nunca tenha sido feito, bem aqui em frente à fronteira”, ele disse.
O pastor rural canadense ganhou as manchetes em outubro de 2021, quando foi preso por quase dois dias por um mandado emitido contra ele, em maio passado, relacionado a uma ordem de saúde pública provincial que proibia reuniões ao ar livre de mais de cinco pessoas.
Tissen esteve escondido por meses antes de sua prisão e só fazia aparições públicas em sua igreja Church of God em Steinbach, que fica a cerca de uma hora de carro ao norte da fronteira de Minnesota.
Pandemia e liberdade religiosa
A igreja com cerca de 200 membros, liderada pelo pastor Tissen, chegou a confrontar as autoridades policiais pelo direito de manter os cultos, defendendo a liberdade de religião. Por conta disso, a igreja acumulou dezenas de milhares de dólares em multas.
Em novembro de 2020, a polícia federal bloqueou o estacionamento da igreja para impedir que os membros participassem de um culto drive-in.
“Em Efésios, diz que estamos lutando contra a maldade espiritual em lugares altos, principados e poderes”, disse Tissen na ocassião de sua prisão à Fox News Digital.
“É isso agora o que vemos. E eles estão atrás de todos nós que estamos dando a Deus o que pertence a Deus e a César o que pertence a César. Mas agora, César quer o que pertence a Deus”, protestou.
“E como cristãos, simplesmente não podemos fazer isso. Não podemos cumprir essas regras”, acrescentou. Desde o início da pandemia, igrejas em todo o Canadá tiveram pastores presos, instalações trancadas, multas altas e interferência contínua de funcionários do governo.
Depois que o pastor Tim Stephens foi preso em Calgary, quando um helicóptero da polícia encontrou sua igreja reunida do lado de fora, no verão passado, o senador Josh Hawley, pediu para que a Comissão de Liberdade Internacional dos EUA (USCIRF) considere adicionar o Canadá à sua lista de observação.
Sobre a obrigatoriedade do passaporte da vacina
Desde o dia 22 de janeiro, o Departamento de Segurança Interna dos EUA passou a exigir de todos os viajantes estrangeiros, incluindo canadenses, que fossem totalmente vacinados contra o Covid-19 para entrar no país por terra e portos de entrada.
Isso gerou um grande protesto de caminhoneiros que permaneceram estacionados na fronteira EUA-Canadá, com o chamado “Comboio da Liberdade”. Na segunda-feira (31), eles foram filmados enquanto oravam juntos dentro de um restaurante.
A oração ocorreu em meio à tensão entre policiais canadenses e motoristas de caminhão, protestando contra os rigorosos mandatos do governo que exigem que os caminhoneiros não vacinados se comprometam com duas semanas de isolamento.
Além disso, eles também teriam que apresentar testes negativos de Covid-19 para que pudessem entrar no Canadá. Mandatos semelhantes foram estabelecidos pelo presidente Joe Biden.
Sobre o movimento dos caminhoneiros
O primeiro-ministro de Alberta, Jason Kennedy, condenou os caminhoneiros, twittando na segunda-feira que o protesto “está causando inconvenientes significativos para motoristas legais e pode impedir perigosamente o movimento de veículos de serviço de emergência”.
Ele afirmou que os caminhoneiros estão violando a Lei de Defesa de Infraestrutura Crítica da província. Como tal, os infratores podem estar sujeitos a multas e até prisão.
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que testou positivo para Covid-19 e está em isolamento, condenou o “Comboio da Liberdade” como um protesto inaceitável, cujos apoiadores estão divulgando “retórica de ódio”. Ele considera o movimento uma “violência contra concidadãos”. Vale ressaltar que, até o momento, não houve relatos de violência ligada ao comboio.
Os caminhoneiros estão negociando com a Polícia Montada Real do Canadá para determinar a melhor e mais segura forma de continuar a manifestação na fronteira EUA-Canadá, em Alberta.
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