Mesmo correndo risco de morrer, missionários evangelizam, preparam alimentos e distribuem suprimentos pela cidade.
Marie, uma das missionárias da JOCUM. (Foto: Captura de tela/YouTube/CBN News) |
Quando a guerra começou e as bombas russas começaram a cair em Kiev, os missionários, Marie e Japhin John, tiveram que tomar uma decisão difícil — partir ou permanecer na capital.
“Nós fizemos as malas com pressa porque a situação era incerta. Mas, de repente, acordamos pela manhã com o som das bombas. Ficamos, tipo: Uau, o que está acontecendo aqui?”, relatou Marie.
“Não era uma decisão fácil de ser tomada, então oramos. E, depois de orar, foi fácil decidir ficar”, acrescentou Japhin.
Sobre o casal de missionários
Marie é alemã e Jaffin é indiano. Ambos são missionários na Ucrânia e representam o JOCUM — Jovens Com Uma Missão. O movimento internacional que envolve várias denominações está espalhado por todo o mundo, com o objetivo de levar Cristo às pessoas.
“Eu cresci na Índia e exerci o ministério em meu país. Esta não é a primeira vez que vivo uma situação perigosa, na verdade, é a terceira”, disse Japhin.
O casal decidiu ficar em Kiev por causa do compromisso de servir ao povo ucraniano, apesar do perigo real para suas vidas.
“É como o compromisso que temos de permanecer unidos em nosso casamento — nos bons e nos maus momentos. Não estamos aqui apenas tentando causar impacto quando os tempos são favoráveis. Quando todos estão indo embora, é o momento em que realmente precisamos ficar”, compartilhou Marie à CBN News.
Situação em Kiev
Mais da metade da capital já foi evacuada e o cenário de guerra inclui sacos de areia empilhados, lajes de concreto e estruturas metálicas destinadas a parar os tanques russos.
Enquanto isso, os missionários da JOCUM estão focados em ministrar o Evangelho às pessoas que permaneceram na cidade. Além das ministrações, o grupo também oferece ajuda humanitária.
Uma das missionárias, Natália, e seus dois filhos trabalham na cozinha fazendo refeições para as pessoas do bairro. “Depende do dia, às vezes, cozinhamos para cerca de mil pessoas”, contou.
Levando alimento físico e espiritual
Katarina, outra missionária da JOCUM, uma finlandesa que dirige para entregar suprimentos, disse: “O único pensamento que me dava paz era voltar para a Ucrânia, é por isso que estou aqui”.
“Não estou dizendo que Deus me obrigou a vir para zona de guerra ou que eu não tive escolha. Eu tive escolha e escolhi estar aqui, por isso Deus abriu essa porta”, explicou.
Katarina foi evacuada pouco antes do início da guerra, mas voltou dias depois. Agora ela sai às ruas de Kiev entregando comida e outros suprimentos para aqueles que não podem sair de seus apartamentos. Cada visita termina com um momento de oração.
Missões perigosas
Enquanto Katarina faz suas entregas diárias, um outro missionário chamado David, que normalmente cuida da manutenção no campus da JOCUM, está trabalhando numa missão perigosa de retirar as pessoas que ficaram presas em locais dominados pelos russos.
“Toda vez que vou para essas áreas, me preparo para a possibilidade de não voltar. Eu oro sempre. Não estou fazendo as contas, mas acho que já consegui retirar mais de 100 pessoas. Enquanto Deus permitir, eu vou ajudar”, garantiu.
Yuliia, que está na JOCUM há cinco anos, recebe pedidos por telefone de um hospital neonatal que fica próximo. Ela conta que, quase todos os dias, os campi da JOCUM na Alemanha e em outros países europeus, enviam suprimentos médicos para Kiev para que sejam distribuídos.
“Cumprindo nosso dever de servir”
Japhin e Marie contaram também que, quando não estão lidando com a logística do dia a dia na guerra ou selecionando todos os suprimentos vindos de todo o mundo, eles visitam lares de idosos, levando comida e muitos abraços calorosos.
“Uma senhora idosa disse: Estamos tão entediados, mas o tempo voa quando vocês estão aqui. Ouvir isso é tão gratificante para a alma, é tão agradável e maravilhoso”, diz Marie.
Para o casal, trabalhar em meio à guerra na Ucrânia é, em última análise, cumprir o compromisso de servir ao próximo. “Acho que não se trata de distribuir pacotes de alimentos, cozinhar refeições ou oferecer ajuda humanitária. Isso é o básico do que Deus espera de nós”, ela continuou.
“O mais difícil é fazer isso enquanto você ouve o bombardeio ou vê nos noticiários as pessoas mortas e cenas de como a cidade foi destruída, com os prédios em chamas”, disse ao garantir que fez a escolha certa ao ficar na Ucrânia para ajudar os sobreviventes. “Trata-se de um compromisso com Deus”, finalizou.
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