Cristãos coptas presos por protestarem pela reconstrução de igreja são libertados no Egito

Os nove crentes foram detidos em janeiro, sem direito a julgamento, sob a acusação de cometer ato terrorista.

Os nove crentes foram detidos em janeiro, acusados de cometer ato terrorista. (Foto: Sherif9282/Wikimedia Commons).

Os nove cristãos coptas presos após protestarem por permissão para reconstruir sua igreja no Egito foram libertados, após três meses na prisão. 

De acordo com o International Christian Concern (ICC), os nove membros da Igreja de São José e Abu Sefein foram libertados pelas autoridades no último domingo (24), data em que os coptas celebram a Páscoa.

A igreja foi destruída em um incêndio em 2016 e desde lá, espera autorização para recuperar o templo. Em janeiro deste ano, a congregação promoveu o protesto pacífico na vila de Ezbet Faragallah, pedindo autorização do governo para reconstruir sua igreja.

Dias depois, os crentes foram detidos e interrogados pelas autoridades, sob a acusação de perturbação pública, cometer ato terrorista com o objetivo de perturbar a segurança pública e organizar uma reunião que afeta o poder público.

Os nove coptas ficaram presos durante 15 dias, enquanto uma investigação era feita. Em 22 de fevereiro, as autoridades renovaram a decisão de detenção, sem dar direito de defesa e sem um julgamento com a presença dos advogados dos cristãos.

No Egito, todas as atividades relacionadas aos prédios de igrejas devem ser aprovadas pelo governo. Apenas em julho de 2021, a Igreja de São José e Abu Sefein recebeu a permissão para demolir o templo. 

Então, quando a demolição foi concluída, a liderança da igreja solicitou imediatamente uma outra permissão para a obra de reconstrução, mas até hoje não receberam resposta das autoridades. Devido a demora, a congregação mobilizou o protesto.

De acordo com a ICC, uma organização cristã que monitora a perseguição no mundo, o atraso do governo egípicio em conceder a autorização viola a Lei de Construção de Igrejas nº 60 de 2016, que estipula um período de resposta de quatro meses.

Após quase seis anos da implementação da lei, mais de 5 mil templos cristãos não foram legalizados e apenas 1.958 igrejas receberam permissões. Além disso, o Egito não permitiu a construção de novas igrejas, com exceção de novas cidades no deserto que possuem regras diferentes.

“Sem um local adequado para o culto, os cristãos são discriminados e deixados sem liberdade de crença e expressão”, explicou a ICC.

O Egito ocupa a 20° posição da Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas 2022, de países mais perigosos para ser um cristão.

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