Para o pastor, o modelo de megaigreja é prejudicial ao desenvolvimento espiritual do Corpo de Cristo.
Para Keller, o modelo de megaigreja é prejudicial ao desenvolvimento espiritual da congregação. (Foto: Facebook/Times Square Church). |
O teólogo e pastor Tim Keller explicou porque o tamanho das “megaigrejas” pode ser um problema para o crescimento espiritual do Corpo de Cristo em uma publicação no Facebook, nesta quinta-feira (7).
Presidente e fundador da Redeemer Presbyterian Church em Nova York, Keller declarou que a denominação foi multiplicada em cinco congregações espalhadas pelos bairros da cidade, para não se tornar uma megaigreja com um único sucessor.
De acordo com Tim Keller, a centralização em torno de uma “megaigreja” é prejudicial ao desenvolvimento espiritual dos membros e a saúde da igreja como todo. O pastor explicou que as “megasigrejas” são pobres em discipulado e cuidado pastoral devido ao seu tamanho.
“No nosso momento cultural atual, isso é um problema mortal porque os cristãos estão sendo formados mais pelas redes sociais do que pela comunidade cristã local. Nós precisamos de comunidades densas e o tamanho de nossas igrejas é um fator para isto”, avaliou Keller.
Outra razão porque o modelo de megaigreja não é saudável está relacionada com o fato de que grandes igrejas crescem sob a figura do fundador e não são preparadas para receber um sucessor.
“Essa pessoa é sempre comparada excessivamente e duramente, em todos os sentidos, com o fundador. É uma perda para ela e para o movimento”, afirmou o líder.
Para Keller, quanto mais cedo essa dependência viciante no fundador for quebrada, melhor será para o Corpo, já que megaigrejas tendem a crescer rapidamente baseadas no fundador, se tornando dependentes dos dons e personalidade deste líder.
O pastor lembrou ainda que, muitas vezes, o fundador passa a enxergar a igreja como sua posse pessoal e uma extensão de sua autoimagem, e nunca quer deixar a liderança e nem sabe como fazer isso de uma forma boa. “É bom partir mais cedo do que tarde devido a uma disciplina espiritual”, ensinou Keller.
Outro fator negativo das megaigrejas, segundo o teólogo, é que elas atraem pessoas de áreas distantes, que não estão próximas geograficamente para participar da construção comunitária, do discipulado e do ministério local.
Em relação ao uso de dons e talentos, o pastor afirma que em congregações menores há um espaço para mais cristãos servirem no ministério e um número menor de espectadores que só observam e não participam.
Igreja servindo toda a cidade
A descentralização de uma denominação também pode beneficiar e servir melhor a cidade ou região em que está localizada.
“As cidades podem se beneficiar dos recursos únicos de uma megaigreja, como por exemplo, centros de aconselhamento e seminários. Mas, em geral, a área se beneficiará mais com 10 igrejas com 400 membros, espalhadas por toda a cidade, do que uma igreja de 4 mil fiéis no meio dela”, ressaltou Tim Keller.
Dando exemplo de sua própria igreja, Tim também observou que a multiplicação em congregações diversifica a liderança, enriquecendo o Corpo de Cristo.
“A Redeemer agora é liderada por pastores chineses, coreanos, britânicos e libaneses. Todos, embora solidamente unidos na teologia reformada, trazem suas perspectivas culturais, experiências e sabedoria distintas e enriquecedoras”, disse.
“Não queríamos apenas construir uma megaigreja, a nossa visão estava centrada em ajudar a construir uma grande cidade para todas as pessoas através de um movimento do Evangelho. Os movimentos do Evangelho são alimentados pela multiplicação de igrejas gerativas e líderes diversos”, explicou o pastor.
E concluiu: “Agora, embora ainda possuam os recursos de uma megaigreja, através do seu tamanho e modelo, eles podem ser mais ágeis às necessidades de quem frequenta e dos arredores”.