Após seis pastores serem presos, os líderes locais temem questionar os requisitos rigorosos para a abertura dos templos.
Os líderes locais temem questionar os requisitos rigorosos do governo. (Foto: Imagem ilustrativa/World Watch Monitor). |
Mais de 8 mil igrejas em Ruanda estão fechadas há 4 anos por ordem do governo.
O fechamentos dos templos cristãos começou em março de 2018, após uma lei, que exige requisitos rigorosos de saúde e segurança para o funcionamento de igrejas e mesquitas, ser sancionada no país.
De acordo com a Portas Abertas, uma semana após a aprovação na nova lei, seis pastores foram presos por criticar a medida, acusados de planejar uma conspiração para desobedecer à ordem.
Em julho daquele mesmo ano, o Conselho de Governança de Ruanda aumentou as exigências necessárias para o funcionamento de templos e continuou fechando mais igrejas que não cumpriram os requisitos.
Exigências rigorosas
As exigências legais incluem: as paredes da igreja devem ser equipadas com isolamento acústico; as estradas de acesso à igreja, bem como os complexos da igreja, devem ser pavimentadas e todas as igrejas devem ter pára-raios.
Além disso, o governo exige que as denominações instalem um tipo específico de teto de lona (mesmo que o material apresente risco de incêndio) e que todos os pastores tenham diploma teológico de uma universidade credenciada, que também ensine ciência e tecnologia.
Em Ruanda, a maioria das igrejas não têm condições financeiras de fazer as mudanças exigidas.
“Descobrimos que todas as igrejas estão sofrendo o mesmo destino e que mesmo as igrejas consideradas luxuosas para os padrões locais tiveram que fechar”, afirmou um analista local, ao World Watch Monitor.
Em 2021, investigações mostraram que mais 4 mil igrejas foram fechadas durante a pandemia da Covid-19.
Pastores temem repressão
Devido a prisão dos seis pastores em 2018, os líderes cristãos temem sofrer repressão ao se manifestarem contra o governo.
Mesmo que os pastores detidos tenham sido libertados logo depois, um líder local disse que a prisão dos companheiros de ministério serviu como aviso aos outros.
Perante a lei, as exigências para abertura são as mesmas para muçulmanos e cristãos. Porém, na prática, igrejas foram muito mais afetadas do que mesquitas.
“Nossos irmãos e irmãs cristãos em Ruanda precisam desesperadamente de nossas orações. Suas igrejas foram tiradas deles, assim como suas comunidades eclesiásticas, os deixando para adorar sozinhos ou em pequenos grupos”, declarou a Portas Abertas.