Em entrevista ao Guiame, o vereador Nikolas Ferreira fala sobre cristianismo e política.
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| Vereador Nikolas Ferreira em entrevista ao Guiame. (Foto: Guiame) |
Aos 26 anos, Nikolas Ferreira se tornou uma voz política entre os jovens, especialmente nas redes sociais, onde já soma mais de 7 milhões de seguidores em suas plataformas.
Para o atual vereador de Belo Horizonte e candidato a deputado federal por Minas Gerais, que tem como principal marca a sua convicção cristã, a política é simplesmente uma forma de exercer influência e trazer justiça na sociedade.
“O padeiro não fala só de pão, o eletricista não fala só de eletricidade. O cristão deve não falar de outros temas? Pelo contrário. Nós podemos abordar outros temas e a política é somente mais um meio de influência”, disse Nikolas Ferreira em entrevista ao Guiame.
Como neto e filho de pastor, Nikolas nasceu em um ambiente cristão e reconhece os dilemas que o tema política provoca dentro das igrejas. Foi isso que o inspirou a escrever seu mais recente lançamento, O Cristão e a Política.
“Durante muito tempo, a igreja teve preconceito com relação a cristianismo e política. Eu não julgo aqueles que não gostam de política no meio cristão, porque infelizmente, muitos cristãos que entraram na política mancharam o nome do Evangelho. Eu entendo essa repulsa”, observou. “Mas eu entendo que a política vai muito além do que uma expressão partidária ou ideológica, é de fato uma questão de você influenciar.”
Veja a entrevista completa:
Púlpito e palanque
Nikolas cresceu servindo no ministério de louvor de sua igreja e, aos 13 anos, decidiu se batizar. Ele é neto do fundador da Igreja Assembleia de Deus do Cabana, em uma favela de Belo Horizonte, e filho do fundador da Comunidade Evangélica Graça & Paz, onde continua sendo membro.
Por sua trajetória cristã, Nikolas reconhece que há um limite e que os púlpitos não devem ser transformados em palanques políticos. “Eu acredito que o púlpito deve ter somente um foco de adoração, que é Jesus Cristo, ponto”, destaca.
E sugere: “A igreja tem liberdade de fazer outros eventos fora do ambiente do culto. Assim como há eventos de jovens para falar sobre sexualidade ou drogas, pode-se também fazer um evento para falar a respeito de política.”
“Eu não concordo quando o tema central do culto se torna uma indicação de candidatos ou um palanque político. E eu não falo aquilo que não vivo. Eu sou filho de pastor, nasci em um lar cristão, e quando me candidatei a vereador, em 2020, a única vez que eu subi no púlpito da igreja foi para o meu pai orar por mim. Agora, meu pai nunca falou para as pessoas da minha igreja votarem em mim ou votarem em alguém”, esclarece.
Nikolas acredita que os líderes cristãos podem dar um direcionamento aos fiéis sobre quem votar ou não votar, mas acredita que limites são ultrapassados quando políticos sobem ao altar em busca de votos.
“Eu acredito que uma pessoa que tem proximidade com o Evangelho vai saber o limite. Ele vai saber quando está ultrapassando e quando realmente é um evento para dar uma consciência política”, afirma.
Esquerda ou direita?
Questionado se o cristão deve ser de esquerda, centro ou direita, Nikolas respondeu que é preciso ter, acima de tudo, a referência em Jesus Cristo. “A Bíblia é nossa regra de fé”, destaca.
Ele cita alguns exemplos: “A Bíblia deixa bem claro a importância da vida e a não retirada da vida de um inocente, como por exemplo, uma criança dentro do ventre. Então vemos algumas coisas na Bíblia que de fato são principiológicas. Não estamos discutindo se você gosta de sorvete sabor chocolate ou baunilha, isso é algo subjetivo. Mas existem coisas que a Bíblia deixa bem claras.”
O vereador defende que não existe um espectro político que se assemelhe 100% aos valores cristãos, já que a Bíblia não é um livro político. No entanto, ele acredita que há um lado que se alinha mais aos princípios das Escrituras, que é o mais conservador.
“A Bíblia ensina que se você não quer trabalhar, que você não coma. Em nenhum momento, a Bíblia prega uma luta de classes em busca de estabelecer o paraíso na terra. Pelo contrário, a Bíblia diz que continuará havendo pobres. A Bíblia não diz que o papel de Jesus Cristo era fazer caridade ou acabar com a desigualdade, o papel de Jesus Cristo era pagar um preço que ninguém mais poderia pagar. Temos que ler a Bíblia à luz da Bíblia”, afirma.
“Quando colocamos isso no lado político, é muito difícil estar assemelhado com a esquerda. Na Bíblia, você não vê a luta pela legalização das drogas, do aborto ou a divisão de bens de forma coercitiva. Porque a igreja de Atos, por exemplo, tinha a divisão de seus bens, mas de forma voluntária. O que a esquerda prega é algo coercitivo, obrigatório a partir do Estado.”
Por outro lado, ele enxerga mais pontos de assimilação com a direita “no sentido conservador, de conservar aquilo que é bom: a família, a iniciativa privada, os limites, o ordenamento jurídico e a doutrina judaico-cristã.”
E conclui: “Eu acredito que uma pessoa que se diz que esquerda e cristã, ou está sendo enganada, ou está ignorante quanto ao conhecimento do cristianismo ou da esquerda.”
A Igreja pode fazer diferença na política
“Eu acho que podemos ser luz em qualquer ambiente, e por que na política seria impossível? Quer dizer que Deus chamou um monte de gente para vários propósitos, mas a política Ele disse ‘não, deixa isso só para o capeta’”, o vereador brinca.
“Já tivemos bons exemplos anteriormente, como Martin Luther King, que era um pastor batista e conseguiu mudar toda uma geração com relação ao preconceito e racismo. É possível e temos demonstrado isso. A única coisa que eu peço ao Senhor é um coração obediente para que eu continue dessa forma”, acrescenta Nikolas.
A fé, para Nikolas, sempre terá um papel central em sua vida, especialmente quando se trata de sua carreira política. “Essa madrugada eu estava lendo 1 Samuel, e o texto diz que enquanto o Senhor estava com Davi, ele não perdeu nenhuma batalha. Então a minha caminhada com Cristo até hoje graças a Deus tem sido assim”, finalizou.
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