“Você nem sempre tem que ir ao templo para experimentar a restauração e o poder de Deus”, disse o pastor Kenneth Drayton.
Imagem ilustrativa. (Foto: Aylin Çobanoğlu/Unsplash) |
Cristãos que são motoristas de aplicativo têm usado seus carros como instrumentos de evangelismo, nos Estados Unidos.
O pastor Kenneth Drayton, do Brooklyn, e Tomika Reid, de Nova Jersey, dirigem para o aplicativo Lyft e têm enxergado suas profissões como uma extensão de seu ministério.
“Você nem sempre tem que ir a uma igreja ou templo para experimentar a restauração e o poder de Deus”, disse Kenneth, de 61 anos, à AP News. Ele é pastor do ministério Mantos da Promessa, no Brooklyn.
Kenneth começou a dirigir para a Uber em 2015, após se aposentar de uma carreira na indústria de seguros. Ouvindo as histórias dos passageiros, ele entendeu que seu carro poderia se tornar uma extensão da igreja.
“O carro é um lugar ideal para fazer isso porque é pessoal”, disse Kenneth, que agora dirige para a Lyft. “Posso compartilhar minha fé e isso é muito importante, porque é para isso que vivo.”
Fora das quatro paredes
Em um dia típico, Kenneth diz que começa o dia orando em seu carro. Ele sempre toca música clássica (sua favorita é Mozart) para estimular um ambiente calmo e agradável. Ele começa com uma saudação e uma palavra gentil. Sua prioridade é apresentar os passageiros a Cristo, mas ele é respeitoso se eles não forem receptivos.
Muitas vezes são cristãos, mas ele também fala com ateus, budistas, hindus, judeus e muçulmanos. Em vez de tentar pregar, ele diz que concentra sua mensagem no amor de Deus e tende a evitar as doutrinas.
Tomika também se afasta das doutrinas e se concentra mais em compartilhar seu testemunho, esperando que possa ajudar outras pessoas a lidar com seus desafios.
“Isso é algo que Deus me colocou para fazer”, disse ela. “E eu amo isso porque amo inspirar as pessoas e incentivá-las a nunca desistir.”
A vida de Tomika foi marcada por perdas, como a morte de sua mãe, irmã e dos pais de suas duas filhas. Ela costuma contar sua história aos passageiros.
“Eu queria desistir, mas por causa da minha fé em Deus, ainda estou aqui de pé”, disse a mãe solteira de 40 anos. “E eu só quero usar minha história para encorajar outras pessoas a nunca desistir, não importa o que você passe.”
Em 2017, ela começou a dirigir para a Lyft para sustentar suas filhas, que agora têm 14 e 20 anos. No carro, ela costuma levar os cinco livros que escreveu, incluindo um para crianças sobre como lidar com o luto.
“Quando ouço as pessoas dizerem: 'Você fez o meu dia', sei que posso causar impacto na vida das pessoas”, disse Tomika. “Isso me traz alegria. É como se eu tivesse transformado minha dor em um propósito para inspirar outras pessoas.”
Nova estratégia de evangelismo
As diretrizes da empresa Lyft não proíbem o evangelismo nem as conversas sobre religião, destacam apenas sua oposição à discriminação, seja por motivos de raça, gênero ou religião.
Robert Geraci, professor de estudos religiosos no Manhattan College, lembra que ao longo da história do cristianismo, a tecnologia e as inovações têm sido usadas para divulgar a Palavra de Deus. Um dos exemplos é a TV e o rádio, usados pela Igreja por décadas.
“A Uber e a Lyft se tornam um meio de comunicação religiosa e não apenas uma estratégia de transporte”, disse ele. “Também é uma estratégia religiosa.”
Profissionais que têm muita interação com o cliente podem ter oportunidades de evangelismo em conversas cotidianas, avalia Ed Stetzer, diretor do Billy Graham Center no Wheaton College.
“Em um mundo onde a interação interpessoal é menos comum – nossos caixas de banco agora são todos caixas eletrônicos – compartilhar a fé é menos comum. Então as pessoas estão encontrando maneiras criativas”, disse Stetzer. “Isso é o que os cristãos têm feito há séculos, muito antes dos aplicativos de carona.”