O país de maioria muçulmana sofreu um golpe militar em 2021 e as duras leis islâmicas que ferem a liberdade religiosa estão voltando.
Muçulmanos que se convertem ao cristianismo são perseguidos com violência no Sudão. (Foto representativa: Portas Abertas) |
Awatif Abdalla Kaki, 27 anos, mora na cidade de Omdurmã, em Caduna, no Sudão — um dos 10 países mais perigosos do mundo para os cristãos. Ela é mãe de 4 filhos; o mais velho tem 8 anos de idade. Kaki se converteu ao cristianismo no dia 27 de janeiro.
Conforme o Morning Star News, ela conheceu Jesus através de um parente que lhe falou do Evangelho. Mas, assim que o marido soube de sua decisão, a vida se tornou muito difícil.
Kaki conta que alguns dias depois que aceitou Jesus, teve um sonho em que Ele aparecia para ela. Impressionada, ela comentou com seus parentes quando estava em visita na casa dos pais.
‘Acorrentada e submetida a choques elétricos’
Quando o marido de Kaki soube de sua conversão, ele primeiro tentou forçá-la a renunciar à nova fé. Como ela não negou Jesus, ele acorrentou suas pernas e começou a chamá-la de louca.
Em seguida, ele a levou à força para um hospital psiquiátrico, onde ela recebeu uma injeção não identificada e choques elétricos. As pernas de Kaki ficaram feridas por causa das correntes.
O marido levou os filhos para morar com ele na casa de seus pais. Conforme o veículo, ele também mantém uma grande influência sobre a família dela e continua fazendo ameaças.
“Ela está vivendo uma angústia mental”, disse uma fonte que preferiu não se identificar por motivos de segurança. Ele explicou que os pais de Kaki e os irmãos são todos muçulmanos e que também acreditam que ela sofre de “doença mental” por acreditar em Cristo.
“Temo por sua segurança e oro para que ela consiga um refúgio fora de casa, para que tenha paz de espírito e possa crescer em sua nova fé”, disse ainda.
Situação dos cristão no Sudão
Depois do fim da ditadura islâmica sob o governo de Omar al-Bashir, em 2019, houve um avanço nas questões de liberdade religiosa no Sudão. Mas, a perseguição patrocinada pelo Estado voltou com o golpe militar de 25 de outubro de 2021.
O governo civil-militar de transição conseguiu desfazer algumas disposições da sharia (lei islâmica). Ele proibiu a rotulação de qualquer grupo religioso como “infiel” e, assim, efetivamente rescindiu as leis de apostasia que tornavam o abandono do Islã punível com a morte.
Depois do golpe, porém, os cristãos, que representam apenas 4,5% da população sudanesa, temem que as leis mais duras da sharia possam voltar a assombrá-los.