Somente em janeiro deste ano, o United Christian Forum com sede em Nova Déli registrou 57 incidentes de violência contra cristãos.
Cristãos protestam em 12 de abril em Mumbai, capital financeira da Índia. (Foto: Reprodução/UCA) |
Milhares de cristãos voltaram às ruas na Índia para protestar contra a crescente violência direcionada aos cristãos e seus lugares de culto, após uma grande marcha de protesto ocorrida em Nova Déli em fevereiro. As manifestações, que aconteceram na quarta-feira (12), aconteceram para em Mumbai, a capital financeira do país.
A manifestação de protesto, com cerca de 8.000 pessoas, incluindo uma federação de 80 ONGs cristãs sob a bandeira da Samast Christi Samaj (Comunidade Cristã em Geral), apresentou um memorando ao ministro-chefe do estado de Maharashtra, Eknath Shinde, durante o protesto em Mumbai. O memorando listou 20 demandas em relação à crescente violência contra os cristãos e seus locais de culto.
De acordo com o memorando apresentado durante a manifestação, há uma onda contínua de discurso de ódio e violência direcionada aos líderes religiosos, profanação de igrejas, interrupção de cultos de oração e restrições às reuniões religiosas. Além disso, o memorando também mencionou falsas acusações de conversões religiosas forçadas e fraudulentas.
“Queremos acabar com a escalada de violência e ataques contra a comunidade cristã amante da paz por aqueles que usam a acusação infundada de conversão como desculpa”, disse Dolphy D'Souza, porta-voz do Samast Christi Samaj, ao UCA News.
Cerca de 12 estados indianos, a maioria governada pelo partido pró-hindu Bharatiya Janata Party (BJP) do primeiro-ministro Narendra Modi, promulgaram uma lei anticonversão abrangente. Entre eles está o estado de Maharashtra, cujo governo é liderado por Eknath Shinde, que tem o BJP como parceiro de coalizão.
D'Souza, também presidente da Bombay Catholic Sabha (sociedade), disse: Nossa outra exigência é que o governo não promulgue a lei anticonversão em Maharashtra. Isso levará os vigilantes a tirar vantagens desnecessárias e atacar os cristãos.
‘Veneno do ódio’
Durante o comício em Azad Maidan em Mumbai, Tushar Gandhi, bisneto do pai da nação da Índia, Mahatma Gandhi, afirmou que os cristãos exerceram uma grande influência sobre seu bisavô.
Ele disse que os ataques aos cristãos devem parar.
“Se você está sendo atacado hoje, amanhã toda a humanidade também pode ser atacada. Não vamos deixar a árvore do ódio florescer. Vamos lutar com amor”, disse ele.
Tushar Gandhi também mencionou que seu bisavô, Mahatma Gandhi, se inspirou em Jesus Cristo, que se sacrificou não apenas pelos cristãos, mas por toda a humanidade.
“Precisamos combater o veneno do ódio com o néctar do amor”, disse ele.
Ataques direcionados
Segundo o United Christian Forum (UCF), houve 598 ataques direcionados aos cristãos em 21 estados na Índia no ano passado, o que representa um aumento de 81% em relação ao ano anterior (2020).
Somente em janeiro deste ano, a UCF com sede em Nova Déli registrou 57 incidentes de violência contra cristãos.
Durante a manifestação, Irfan Ali Engineer, líder muçulmano presente, expressou a necessidade de paz e do fim dos ataques contra todas as minorias, incluindo cristãos e muçulmanos, que são alvo de diferentes pretextos.
Joseph Dias, presidente-fundador do Fórum Católico Secular, afirmou que a violência e os ataques direcionados aos cristãos precisam cessar, caso contrário, haverá um maior número de manifestantes na próxima vez.