A crise de refugiados norte-coreanos

Saiba mais sobre o que leva os seguidores de Jesus a fugirem do país mais perigoso para os cristãos

A crise de refugiados norte-coreanos já dura mais de 30 anos

No mês de junho é celebrado o Dia Mundial do Refugiado, em lembrança às mais de 100 milhões de pessoas deslocadas ao redor do globo. As guerras na SíriaIraque e Ucrânia causaram algumas das mais conhecidas ondas de refugiados. Apesar disso, nem todo mundo conhece a crise de refugiados da Coreia do Norte, que ocorre há aproximadamente 30 anos. Muitos dos refugiados norte-coreanos são cristãos ou se tornam cristãos durante a jornada de fuga. Conheça mais o cenário da crise de refugiados da Coreia do Norte.

Por que tanta gente tenta escapar da Coreia do Norte?


A Coreia do Norte é governada por Kim Jong-un, que lidera com mão de ferro e emprega ideologias tóxicas para suprimir as pessoas. Ainda assim, o controle rígido e o sistema de monitoramento não são as principais razões pelas quais as pessoas buscam escapar. A fome é o que mais impulsiona as pessoas a tentarem encontrar uma forma de fazer isso.


Mesmo assim, o risco de ser pego é muito alto e as punições severas, entre elas prisão, tortura, campos de trabalho forçado ou até mesmo a morte. Por isso, as pessoas tentam chegar à China como se a vida delas dependesse disso.


Quais são os estágios da fuga?

Geralmente, são cinco os estágios da fuga:

  • Preparação: o mais importante é não falar sobre o plano para ninguém, além de parentes mais próximos ou amigos. Já que as fronteiras são fortemente guardadas, o mais seguro a ser feito é encontrar um intermediário. Eles cobram milhares de dólares para preparar a travessia do rio e levam a pessoa a uma casa segura. Atualmente, é quase impossível escapar sem um intermediário.

  • Travessia: o intermediário levará a pessoa ao rio na fronteira com a China. No inverno, é possível caminhar pelo rio congelado. Fora disso, é preciso nadar ou esperar não ser levado pela correnteza. No lado chinês, é preciso cortar a cerca de arame farpado ou usar um cobertor para cobrir os espinhos metálicos ao escalar a cerca. Então o intermediário deverá levar a pessoa para uma casa segura. Entretanto, muitas mulheres são traídas e vendidas a homens chineses.

  • Estadia na China: a maioria dos refugiados fica na China durante um certo período de tempo, seja em casas seguras ou com parentes chineses. Além disso, sempre é possível trabalhar ilegalmente. As mulheres norte-coreanas que são vendidas geralmente acabam em fazendas, onde também precisam trabalhar.

  • Fuga da China: muitos refugiados norte-coreanos ficam na China ou voltam para seu país de origem, afinal, tentar chegar à Coreia do Sul ou outro país é perigoso e caro. Apenas uma minoria de refugiados tenta fazê-lo. Há duas rotas para deixar a China. Uma é pelo Norte, por meio da Mongólia. Nessa rota, só é preciso cruzar a fronteira uma vez, mas a pessoa rapidamente chegará ao deserto. Caso consiga chegar a um campo de refugiados, em algum momento será colocada em um avião para a Coreia do Sul. A outra opção é pela Tailândia. Para chegar lá, é necessário passar por Mianmar ou Vietnã, Laos e Camboja. Essa rota atravessa montanhas altas e florestas profundas. Às vezes, também é preciso cruzar um rio com crocodilos. Vale ressaltar que os países do Sudeste Asiático não recebem bem refugiados norte-coreanos, exceto pela Tailândia. Por isso, é importante evitar as autoridades nos países vizinhos à Tailândia e chegar com segurança à embaixada sul-coreana na Tailândia.

  • Estabelecendo-se na Coreia do Sul: a Coreia do Sul tem uma lei que oferece cidadania a desertores norte-coreanos. Atualmente, mais de trinta mil norte-coreanos vivem no Sul. Todos passaram por um programa de integração. Quando norte-coreanos chegam à Coreia do Sul pela primeira vez, são acomodados nos primeiros três meses em Hanawon, que é um centro para refugiados norte-coreanos. Lá, eles passam por triagens (para identificar potenciais espiões, por exemplo) e recebem aulas sobre a vida na Coreia do Sul. Depois, o refugiado recebe um apartamento, geralmente fora de Seul, e um salário. Após vários meses, ou até mesmo anos, o apoio financeiro é descontinuado.


O que acontece se um refugiado norte-coreano é pego na China?


Geralmente, a pessoa é detida em uma prisão chinesa por algumas semanas ou mesmo meses. Depois, a pessoa é transferida por autoridades norte-coreanas. O prisioneiro é transportado para uma prisão local perto do lugar de onde é originalmente. Lá, a pessoa será interrogada e torturada por semanas até que haja uma confissão. As condições da prisão são muito severas e muitos não sobrevivem à desnutrição, má higiene e tortura física e mental. Após ser condenado, o antigo refugiado geralmente fará trabalho forçado em um campo.

Qual é o papel dos cristãos?

Por causa do alto risco envolvido, a maioria das casas seguras na China é comandada por cristãos. A Portas Abertas possui uma rede de casas seguras e ajuda refugiados norte-coreanos com alimentos, remédios, roupas, cuidado pastoral e estudo bíblico.


Qual é a situação pós-COVID?


Em 2022, apenas 67 refugiados norte-coreanos pediram asilo na Coreia do Sul. Antes da COVID-19, o número passava de milhares por ano. A Coreia do Norte fechou as fronteiras e a China restringiu severamente a circulação de pessoas no país desde 2020. Isso dificultou a fuga dos refugiados para China e depois para a Coreia do Sul.


O que a Portas Abertas faz para ajudar refugiados norte-coreanos?


Graças a suas orações e doações, a Portas Abertas comanda uma rede secreta de casas seguras para oferecer estudo bíblico, cuidado pastoral, alimentos, remédios, roupas e abrigo para norte-coreanos. Muitos levarão o evangelho de volta para sua terra natal. Além disso, a Portas Abertas também organiza encontros com mulheres norte-coreanas traficadas. Elas têm comunhão, cantam louvores, participam de estudo bíblico, recebem cuidado pastoral e ajuda financeira para as famílias.


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