Kuki conta que foi pega de surpresa com o ataque e que viu sua casa em chamas antes de fugir.
Kuki e seu bebê foram acolhidos em acampamento de deslocados. (Foto: Portas Abertas) |
Kuki Ritika (nome fictício por motivos de segurança) se viu numa situação extremamente difícil, no dia 3 de maio. As ruas de Manipur estavam tomadas por explosões e protestos.
A casa da cristã foi reduzida a cinzas. Ela olhou uma última vez para trás e partiu com a sogra, andando o mais rápido que a gravidez avançada permitia.
“Não estávamos preparados para esses ataques. Vivíamos em Khangol e tivemos que fugir para Kangpokpi. Minha casa estava em chamas diante dos meus olhos. Foi uma cena terrível”, ela contou agora que está protegida num acampamento de deslocados internos.
‘Foi ali que meu bebê nasceu’
“Eu só conseguia pensar no meu bebê, por isso, fugi exatamente como estava. Comecei a ter contrações no caminho. As mulheres que estavam conosco me ajudaram a fazer o parto”, relatou.
Kuki compartilhou que os homens fizeram uma cama de bambu, na montanha, e ficaram vigiando, para proteger a todos.
“As mulheres tinham apenas um pedaço de pano. Foi ali que meu bebê nasceu. Assim que terminamos o parto, os homens me carregaram na cama de bambu porque eu não conseguia me mexer”, continuou.
‘Louvo a Deus pelo dom da vida’
“Nunca vou me esquecer desse dia. Louvo a Deus pelo dom da vida que ele trouxe a esse mundo, mesmo em uma situação tão terrível”, Kuki disse.
A sogra que esteve ao lado da nora durante o trabalho de parto continua sendo um exemplo com seus conselhos sábios: “Eu perdoo nossos perseguidores. Por causa deles, vemos a mão de Deus em nossas vidas”.
‘Que ele viva e veja o que Deus pode fazer’
O bebê recebeu o nome da montanha onde nasceu. Apesar da situação insegura e tendo que dividir comida, abrigo e outros recursos escassos no acampamento de deslocados internos, Kuki disse que se mantém otimista quanto ao seu precioso bebê.
“Oro por meu filho porque ele veio ao mundo nesse momento, mas quero que ele viva e veja as grandes coisas que Deus pode fazer no futuro dele”, destacou.
“Eu ainda estou com dor por causa da forma que precisei fugir, mas não culpo nenhuma tribo ou comunidade. Sei que tudo aconteceu conforme a permissão de Deus e o Senhor protegeu meu bebê e minha vida”, resumiu a cristã.
‘Mais de 120 pessoas morreram’
De acordo com a Portas Abertas, no último domingo (25), parceiros locais fizeram uma pesquisa com os números atualizados de vítimas do conflito no estado de Manipur, na Índia.
Mais de 50 mil cristãos se tornaram deslocados internos, 400 igrejas foram queimadas, 250 vilarejos foram destruídos e 120 pessoas morreram.
Há dois meses que começou essa crise entre os indianos e não há perspectiva de melhora até o momento.