Segundo o pastor, não faria sentido perdemos totalmente a memória de tudo o que vivemos aqui.
John Piper. (Foto: Reprodução/Desiring God) |
Um novo episódio do podcast “Pergunte ao Pastor John”, postado no site do Desiring God, na última quinta-feira (22), mostra que dois ouvintes fizeram a mesma pergunta: “Teremos memória na nova criação?”.
O pastor citou o profeta Isaías 65.17: “Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!”.
“Ao que parece, as experiências desta vida serão esquecidas e isso levanta questões sobre a eternidade”, mencionou John Piper.
Um dos ouvintes ainda comparou: “Isso significa deletar completamente tudo da memória? Como se o disco rígido de nossa vida anterior travasse e recomeçasse como uma lousa totalmente em branco?”.
O pastor respondeu que não acredita que seja desta forma: “Existem inúmeras razões pelas quais o texto não quer dizer isso. E se pensarmos em algumas delas, teremos uma imagem mais clara de como será o futuro na eternidade”.
‘Não exagere a questão do esquecimento’
John Piper lembra que no versículo anterior (Isaías 65.16) diz que “as aflições passadas serão esquecidas e estarão ocultas aos olhos”.
“Para mim, esse é um aviso contextual de que devemos tomar cuidado para não exagerar na questão do ‘esquecimento’. Provavelmente, a memória não será totalmente apagada, será algo seletivo. Portanto, não devemos exagerar na conclusão”, disse.
O que aconteceria se houvesse total esquecimento?
Piper refletiu sobre a possibilidade de uma “limpeza total da memória” e o que isso significa: “Se você não lembrar de nada de sua vida anterior, você não é mais você. Você não tem nenhuma identidade. Não haveria nada em sua mente que pudesse identificá-lo como você”.
“Em essência, uma limpeza total da memória significa que você não existe mais como a pessoa que era. E se você quiser ter alguma personalidade, começaria tudo de novo, como uma nova criação. Você seria uma nova pessoa e não haveria nenhuma continuidade com aquela pessoa anterior”, continuou.
“Mas isso contradiz várias coisas que sabemos das Escrituras, como as parábolas de Jesus e os ensinamentos dos apóstolos, de que seremos recompensados na era futura de acordo com nossas obras nesta vida. Então, existe uma correlação ou uma continuidade entre a pessoa que você é e o que você fez neste mundo e a pessoa que você será na nova terra”, resumiu.
‘Conheceremos uns aos outros’
“Uma limpeza completa da memória também contradiz o fato de que vamos nos reconhecer na era por vir. O Cristo ressuscitado é a primícia, diz Paulo sobre essa realidade final da ressurreição (1 Coríntios 15.20 ), e ele se relaciona com seus discípulos após a ressurreição como alguém que eles conhecem”, lembrou ainda.
Piper ainda menciona que conheceremos Jesus como aquele que veio ao mundo e fez maravilhas, morreu por nós e ressuscitou dos mortos: “E conheceremos uns aos outros. Tudo isso pressupõe que nossas memórias não serão apagadas”.
Ao finalizar, Piper citou Apocalipse 5.12, que foi o argumento de outro ouvinte, onde diz que os anjos, seres viventes e anciãos cantavam: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor”.
“Deus não enviou seu Filho para morrer e seu sacrifício ser esquecido por toda a eternidade. A morte de Jesus foi o ponto alto da glória da graça de Deus. E esse é o objetivo do universo: o louvor da glória da graça de Deus. Vamos cantá-la para sempre”, argumentou de novo.
“A única forma pela qual a morte do Filho de Deus faz sentido é lembrar do pecado. Cristo morreu por nosso pecado e ele morreu por amor. Esse amor não será apagado da memória”, prosseguiu.
‘Diferente do que experimentamos agora’
“Aqui estão três observações que sugerem que há um tipo de esquecimento e um tipo de lembrança que é diferente do que experimentamos agora: A Bíblia fala de Deus não se lembrando de nossos pecados ‘contra nós’, ou seja, não os lembrará de forma alguma para nos prejudicar ou nos punir”, esclareceu.
“Em segundo lugar, a Bíblia nos retrata em nosso futuro eterno como tendo plenitude de alegria. Isso significa que nenhuma lembrança vai estragar essa alegria”, destacou.
“E terceiro e último ponto: Paulo diz em 1 Coríntios 13.12 que agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face. Em outras palavras, existe uma maneira de conhecermos nossos pecados agora, e existe uma maneira diferente de conhecermos nossos pecados na era por vir”, disse.
“Teremos a capacidade de vê-los como a razão pela qual Cristo morreu e, ainda assim, o efeito dessa visão, dessa lembrança, será tão mudado que a dor, a culpa e a vergonha disso serão transformadas em uma ampliação pura e alegre da graça de Deus”, frisou.
“Nos novos céus e na nova terra, tudo o que Deus nos conceder para lembrar deste mundo servirá apenas para aprofundar nossa alegria, a alegria de adorar a Cristo. Tudo será esquecido no sentido de que tudo o que impediria esse culto será excluído ou transformado”, concluiu.