A votação decidirá se um novo projeto de Constituição será aprovado ou não

A população da República Centro-Africana vai às urnas neste domingo para votar em referendo sobre nova Constituição

Neste domingo, 30 de julho, a República Centro-Africana (RCA) realizará um referendo em todo o país para decidir se um novo projeto de Constituição será ou não aprovado. A maior preocupação é que o atual presidente, Faustin-Archange Touadera, tente permanecer no cargo após seu segundo mandato, que acaba em 2025.

“Não seria um terceiro mandato, pois a contagem seria zerada. Sendo assim, qualquer um pode buscar um novo mandato, incluindo Touadera”, disse o principal conselheiro do presidente, Fidele Gouandjika, à agência de notícias AFP. Atualmente, o presidente pode atuar apenas por dois mandatos de quatro anos.

De acordo com a organização não governamental Human Rights Watch, o referendo pode restringir ainda mais os cidadãos na República Centro-Africana. Além disso, caso aprovado, arrisca reverter os ganhos democráticos feitos desde 2015. O governo impediu protestos de partidos de oposição contra as mudanças propostas, enquanto permite que apoiadores realizem comícios, algumas vezes com proteção policial.

De acordo com Organização das Nações Unidas (ONU), a Assembleia Nacional deve garantir que a nova Constituição não comprometa os esforços atuais quanto à paz e reconciliação no país. Além disso, a organização pressionou os legisladores responsáveis pela nova Constituição para agirem de boa fé, com transparência e levando em conta opiniões divergentes.

Como a situação afeta a igreja?

A preocupação é que a impunidade continue no país. O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou preocupação de que a segurança pode diminuir após o resultado do referendo. Um especialista da ONU pediu às autoridades que impeçam, incluindo por meio de mídias sociais, uma onda de discursos de ódio e violência antes, durante e depois da votação.

O aumento da insegurança durante esse período deixa a igreja mais vulnerável a pessoas mal intencionadas, como grupos de milícias armadas. Isso também pode resultar em mais perseguição aos convertidos de origem muçulmana ou religiões tradicionais. Alguns temem que realizar um referendo antes de resolver o problema da alta insegurança e outras questões socioeconômicas pode causar uma piora na situação que já é frágil.

O líder de uma igreja no país compartilhou sua preocupação: “Essa situação pode interferir nas atividades religiosas na capital Bangui e em áreas mais remotas do país. Isso porque a votação ocorre no domingo, dia em que cristãos vão à igreja para adorar ao Senhor. Algumas denominações preferiram conduzir orações nas casas por questões de segurança. Já outros veem o culto desse domingo como uma oportunidade de pedirem a Deus por paz na RCA”.

Ainda segundo o líder: “A preocupação é maior com cristãos em vilarejos fora das grandes cidades, onde os grupos armados da Coligação Patriótica para a Mudança são muito ativos. Eles correm o risco de serem mortos, saqueados ou experimentarem violência sexual e maus tratos. Vamos continuar orando pela paz e segurança na RCA”.

Contexto

A República Centro-Africana está envolvida em um conflito desde 2013 e a maior parte do país é ocupada por grupos de milícias armadas, responsáveis por diversos abusos de direitos humanos. Líderes cristãos que denunciaram publicamente a violência são ameaçados e prédios de igrejas são incendiados e saqueados. Alguns cristãos deixaram suas casas e fugiram para países vizinhos, como Camarões.

O conflito resultou no deslocamento de milhares de cristãos que foram forçados a viver em campos, perdendo suas casas e renda. Principalmente no Norte do país, a comunidade local muitas vezes isola os convertidos e tenta forçá-los a renunciar ao cristianismo por meio de violência.

Pedidos de oração

• Ore para que opiniões divergentes quanto ao referendo não afetem a paz e a segurança no país.
•  Interceda para que os cidadãos da RCA tomem a decisão certa em favor população geral e cristã.
• Clame ao Senhor por proteção sobre comunidades cristãs vulneráveis a grupos de milícias armadas.