1.000 cristãos estão desabrigados após ataques a igrejas no Paquistão

Uma fonte afirmou que muitos cristãos estão fugindo tentando encontrar um local para se abrigar: “Não sobrou nada".

Multidão de extremistas destrói igrejas e residências no Paquistão. (Foto: Reprodução/Twitter/Azad Marshall)

Após os intensos conflitos com extremistas muçulmanos na última quarta-feira (16), cerca de 1.000 cristãos fugiram de suas casas e agora estão dormindo nas ruas.

Segundo a “Aid to the Church in Need” “Ajuda à Igreja que Sofre” (ACN), o nível de destruição na cidade de Jaranwala, perto de Faisalabad, foi alarmante. 

A organização informou — através de uma fonte que não pode ser identificada por razões de segurança —  que o número de igrejas e capelas destruídas aumentou para 21, dizendo que muitas delas foram incendiadas e "não sobrou nada". 

A fonte revelou que até 1.000 cristãos foram forçados a dormir em campos de cana-de-açúcar depois de escapar de multidões enfurecidas. 

"Eles estavam fugindo, tentando encontrar um lugar onde pudessem descansar", disse a fonte. 

“Alguns deles voltaram para suas casas desesperados por algo para comer, mas quando chegaram em casa, encontraram tudo destruído. Não havia lugar para sentar, nada para beber, nem mesmo uma lâmpada”, acrescentou.

E continuou: "Enquanto percorremos a área, pudemos ver como todas as casas cristãs foram atacadas, não sobrou nada".

Assim como as residências, igrejas de diferentes denominações também foram alvo dos muçulmanos. 

"Nas igrejas que eles atacaram, tudo foi destruído. Também não sobrou nada", informou a fonte.

Cristãos pedem intervenção do governo

O arcebispo paquistanês Benny Travas criticou o governo e as autoridades por não protegerem os cristãos. 

Em uma carta à ACN, ele escreveu que a violência mostrou que os crentes no Paquistão são "na realidade, cidadãos de segunda classe para serem aterrorizados e assustados à vontade". 

"Mais uma vez, temos as mesmas condenações e visitas de políticos e outros funcionários do governo expressando sua solidariedade com a comunidade cristã e que 'a justiça será feita', mas na realidade nada se materializa e tudo é esquecido", relatou ele. 

O arcebispo Joseph Arshad de Islamabad-Rawalpindi, e presidente da Conferência dos Bispos Católicos, condenou a violência como "abominável". 

"Peço urgentemente ao governo de Punjab que tome medidas rápidas, decisivas e resolutas contra os responsáveis ​​por esses atos. Os culpados devem ser identificados, presos e levados à justiça", declarou ele. 

Mais relatos

Um parceiro da organização cristã “Release International", que não pode ser identificado por motivos de segurança, contou que muitas famílias cristãs buscaram refúgio fora da cidade e contam com o apoio de amigos e parentes.

"É deplorável ver a comunidade cristã paquistanesa amante da paz mais uma vez sendo punida coletivamente por meras alegações infundadas de blasfêmia. Estamos chocados com a falta de resposta do governo do Paquistão, apesar da magnitude desta violência", informou ele.

No Twitter, o mediador da Igreja do Paquistão, bispo Azad Marshall, escreveu: 

"Faltam-me as palavras. Nós, bispos, padres e leigos, estamos profundamente aflitos e angustiados com o incidente de Jaranwala. Uma igreja está sendo queimada enquanto digito esta mensagem. Bíblias foram profanadas e cristãos foram torturados e assediados, tendo sido falsamente acusados ​​de violar o Sagrado Alcorão”.

"Clamamos por justiça e ação das autoridades policiais e daqueles que são responsáveis pela segurança de todos os cidadãos para intervir imediatamente", concluiu ele.

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