Governo de Narendra Modi tem visão extremista e prioriza o hinduísmo como religião nacional.
Cristianismo é hostilizado por hinduísmo radical na Índia. (Foto representativa Flickr/Bharath Joshi) |
Uma tendência preocupante está crescendo em ritmo acelerado na Índia — milhões de indianos acreditam que o país pertence aos hindus e que todas as outras religiões, incluindo o cristianismo, devem ser eliminadas da sociedade.
Grupos de direitos humanos acusaram o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o seu governo de apoiarem a visão extremista. Isso levou a um aumento da violência contra os cristãos, muitas vezes com a aprovação do governo central.
Conforme a CBN News, um jovem de 16 anos, chamado Paul (nome fictício por razões de segurança), foi instruído a atacar os cristãos pelo Rashtriya Swayamsevak Sangh ou RSS — uma organização paramilitar hindu radical.
“Como eu era hindu e fazia parte do RSS, tornei-me um fiel seguidor dos princípios hindus e, por causa disso, matar cristãos e pastores tornou-se o meu objetivo”, disse ele em entrevista.
‘A ordem é atacar pastores e demolir igrejas’
Segundo Paul, o RSS está visando os cristãos porque muitos hindus na Índia abandonaram a religião para seguir Jesus. “Um dos primeiros fundadores do grupo disse que os cristãos são ‘anti-nacionalistas e hostis’ e deveriam ser tratados como tal”, ele explicou.
Os membros do RSS muitas vezes combinam a educação religiosa hindu com aulas e exercícios de autodefesa. “Eles ensinam que o cristianismo não pertence ao nosso país porque eles estão convertendo pessoas. Por isso, a ordem é atacar os pastores e demolir suas igrejas para que o nosso país continue a ser um país hindu”, continuou.
Os hindus representam cerca de 80% da população da Índia, os muçulmanos 14% e o cristianismo 2,3%, representando cerca de 26 milhões de seguidores — número que está em constante crescimento.
‘Cemitério de pastores’
Paul conta que estava determinado a parar o crescimento da Igreja na Índia, até que um pastor visitou o albergue onde ele morava para compartilhar o Evangelho.
“Meu coração se partiu quando ouvi que Jesus Cristo foi sacrificado por mim, que me amou e deu seu sangue pelos meus pecados. Eu me dediquei a Cristo naquele momento”, compartilhou Paul que agora é pastor itinerante e evangeliza nas áreas remotas do estado indiano de Karnataka.
O local é referido como um “cemitério de pastores” por causa da intensa perseguição que os cristãos enfrentam por lá. Sua igreja é repetidamente atacada por gangues do RSS.
Paul já foi preso por pregar o Evangelho: “Mesmo na prisão senti o amor de Deus, mesmo sendo espancado senti a alegria de Jesus em mim, por isso sou grato a Deus”.
Hindutva — uma ideologia radical
Modi é acusado de atiçar as chamas do Hindutva, uma ideologia radical que ensina que apenas os hindus são verdadeiros indianos e que todas as outras religiões, especialmente os cristãos e os muçulmanos, são estrangeiros que devem ser removidos da sociedade.
“Eles têm como objetivo expulsar o cristianismo da Índia”, disse Dr. David Curry, da Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional.
“Eles veem a Índia como a terra sagrada do hinduísmo. Há leis que criminalizam as conversões religiosas, visando particularmente as minorias cristãs.
Em setembro passado, Karnataka tornou-se o décimo estado indiano a aprovar a chamada Lei Anti-Conversão, que prevê uma pena de prisão de 3 a 5 anos para qualquer pessoa considerada culpada de converter indianos ao cristianismo.