Igrejas são invadidas no Quirguistão

Os policiais disseram que as igrejas organizaram “atividades missionárias ilegais”

As igrejas são intensamente monitoradas no Quirguistão (foto representativa)

No início de 2023, a Comissão de Assuntos Religiosos (SCRA, da sigla em inglês) junto à polícia secreta do “Departamento de combate ao extremismo e migração ilegal” no Quirguistão organizou uma operação contra duas igrejas.  


O grupo invadiu dois templos durante os cultos dominicais. Algumas pessoas tentaram fugir de uma das igrejas, mas foram forçadas pelos policiais armados a voltar para dentro do templo. 
 


Atividades missionárias ilegais
 


Os cristãos ficaram sob o controle dos policiais por volta de uma hora e meia e apenas deixaram o local depois que duas líderes cristãs, Daniela Cincilova e Eva Eliasova assinaram um documento em que se declararam "culpadas” por “atividades missionárias ilegais” e por “disseminar uma ideologia”. 
 


Além da declaração de culpa, elas foram obrigadas a pagar uma multa de 7.500 soms (moeda quirguiz), o que corresponde ao salário de quase duas semanas de trabalho. 
 


De acordo com a lei do Quirguistão, todos os estrangeiros precisam de uma autorização por escrita do Estado para pregar e organizar cultos. As líderes cristãs não violaram essa lei, já que apenas tinham lido as passagens da Bíblia na igreja, sem explicar ou pregá-las. Um cristão local afirmou que 
a ação da polícia foi movida pela ignorância 


Outra igreja invadida
 


A igreja solicitou o cancelamento das multas aplicadas, mas o Estado não aceitou a solicitação. Dois cristãos de outra igreja próxima também foram multados pelo crime de “atividades missionárias ilegais” e a igreja também foi invadida por policiais. O líder da igreja compartilhou com o portal de notícias Forum 18 que está com medo de novas represálias.
 


Alguns dias depois das invasões, a polícia secreta enviou uma carta às igrejas afirmando que se outras “violações” fossem descobertas, as autoridades “liquidarão” as igrejas cristãs. Toda a situação mostra que o registro das igrejas pelo Estado não garante que elas não serão perseguidas. 
 


“De maneira prática, o registro apenas permite que você exista. 
Líderes cristãos têm medo da repressão. Muitas igrejas pequenas sequer tentam conseguir o registro do Estado pelo medo de que se tornem alvos da polícia e que, ao entregar os dados exigidos pelo governo, com detalhes dos membros das igrejas, isso aumente pressão na vida pessoal dos cristãos”, disse um defensor de direitos humanos em entrevista ao Forum 18.  

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