Seis igrejas são atacadas e 500 famílias cristãs fogem no Paquistão

Uma multidão atacou um bairro cristão em Jaranwala, após dois cristãos serem acusados falsamente de blasfêmia.

Uma multidão de muçulmanos atacou um bairro cristão em Jaranwala. (Foto: UCA News).

Seis igrejas foram danificadas por uma multidão de muçulmanos no Paquistão, durante um ataque a um bairro cristão na província de Punjab, nesta quarta-feira (16), conforme a UCA News.

A violência começou após dois cristãos – Raja Umar e Rocky Masih – serem acusados falsamente de blasfemar contra o Alcorão, em um anúncio feito em uma mesquita de Jaranwala, no distrito de Faisalabad, segundo o líder cristão James Rehmat, diretor da Comissão Ecumênica para o Desenvolvimento Humano (ECHD).

Um vídeo, que circulou nas redes sociais, mostra um líder muçulmano pedindo que os moradores protestassem contra a suposta blasfêmia dos homens cristãos. 

“O Alcorão foi profanado na colônia cristã. Todos os clérigos e muçulmanos se reunam diante da mesquita. Você está tomando café da manhã em casa. Onde está sua paixão muçulmana? Você deveria ter morrido. Bloqueie as estradas. Todos devem protestar dentro da lei”, incitou o líder no vídeo.

Logo após, uma multidão enfurecida atacou o bairro cristão, chamado Basti Maharanwala. Os comerciantes locais chegaram a fechar as lojas.

Os islâmicos invadiram três igrejas presbiterianas, uma igreja católica, uma igreja Assembleia do Evangelho Pleno e uma igreja do Exército de Salvação com paus, pedras e explosivos.

Conforme James, as janelas dos templos foram quebradas e outras partes das igrejas foram incendiadas pelos vândalos. Após o ataque, 500 famílias cristãs fugiram de suas casas para garantir sua segurança. 

Falsa acusação de blasfêmia

A denúncia de blasfêmia contra os cristãos foi feita por três moradores islâmicos à polícia local.

A Comissão Ecumênica para o Desenvolvimento Humano condenou o ataque no bairro cristão e pediu que uma investigação seja feita.

“É lamentável que estejamos testemunhando um ressurgimento dessa barbárie logo após o Dia da Independência ter sido celebrado por todas as comunidades religiosas da República Islâmica”, afirmou em um comunicado.

“Exigimos uma investigação completa dos anúncios feitos nas mesquitas. A maioria ainda não nos aceitou como cidadãos iguais”.

O presidente da Igreja do Paquistão, bispo Azad Marshall, também se manifestou contra o caso de perseguição.

“Uma igreja está sendo incendiada enquanto digito esta mensagem. As Bíblias foram profanadas e os cristãos foram torturados e assediados por terem sido falsamente acusados ​​de violar o Alcorão Sagrado”, afirmou Marshal, no Twitter, nesta quarta-feira (16).

“Clamamos por justiça e ação das autoridades policiais para que intervenham imediatamente e nos assegurem que nossas vidas são valiosas em nossa própria pátria, que acaba de celebrar a independência e a liberdade”.

O Paquistão ficou em sétimo lugar na lista de observação mundial de 2023 da Portas Abertas dos lugares mais difíceis para ser cristão, acima do oitavo lugar no ano anterior.

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