Como jovens cristãos que vivem em tribos muçulmanas no Sudeste Asiático mudam de perspectiva após terem acesso à educação
Com 12 anos, Jenny é uma menina cristã que ganhou a oportunidade de sonhar ao participar de um programa de alfabetização da Portas Abertas no Sudeste Asiático |
Em uma comunidade de palafitas no Sudeste Asiático, onde o fluxo das marés molda a vida diária, Jenny, uma jovem de 12 anos, está esculpindo um novo caminho para si mesma e para as futuras gerações. A menina é de um dos grupos étnicos mais pobres do Sudeste Asiático. Dentre as 13 tribos muçulmanas na região, a dela é uma das mais discriminadas. Isso é algo tão real que oportunidades de educação pareciam muito distantes para ela.
Esse grupo ganha sua renda em barcos de pesca, mas seus esforços são minados frequentemente por piratas no mar e outras tribos. Uma vez que membros dessas tribos viram as costas para a fé original do local e passam a acreditar em Jesus, enfrentam dupla vulnerabilidade. Eles já são marginalizados por causa da tribo e passam a enfrentar perseguição da comunidade por seguirem a Jesus. Se tornar seguidor de Jesus os expõem a mais discriminação, depreciação, recusa de benefícios e exclusão da comunidade. A marginalização deles é exagerada pela estigmatização e pelos estereótipos, e a falta de representação política faz com que seja ainda mais difícil para eles ter impacto em políticas que afetam seus direitos e bem-estar.
Além dessas dificuldades, essas tribos também experimentam discriminação e perseguição. Seus membros são marginalizados economicamente, tendo poucas oportunidades de trabalho, acesso dificultado a bens essenciais, assistência médica e infraestrutura. Isso sem contar o isolamento social, acesso limitado a serviços básicos e conflitos de terra.
Meninas como Jenny se casam assim que menstruam pela primeira vez. Muitas vezes quando forçadas a se casar com homens mais velhos, são incapazes de recusar, principalmente se os pais recebem grandes quantias de dinheiro. Por esse motivo, parceiros locais da Portas Abertas deram início a aulas de alfabetização no local, com objetivo de oferecer a Jenny e outras meninas uma alternativa, garantindo uma oportunidade de sonhar.
Dificuldades da família
Jenny e sua família enfrentam muitas angústias e sofrimentos apenas por pertencer a uma tribo de baixa posição
Jenny ajuda a mãe e a irmã com as tarefas da casa. O pai trabalha incansavelmente como pescador para prover as necessidades da família, enquanto a mãe se dedica a cuidar da casa. Após ajudar a mãe, Jenny vai para a escola com a irmã mais velha, caminhando cerca de 30 minutos.
Jenny e sua família enfrentaram muitas angústias e sofrimentos, simplesmente por pertencem a uma tribo de baixa posição. Essa discriminação levou a dificuldades econômicas devastadoras. “Meu pai trabalha muito, dia e noite, pescando longe de casa e provendo para nossa família. Quando ele volta, reunimos nossa família para o culto de domingo. Esse é um tempo precioso e animador para nós”, afirma.
O pai de Jenny, um pescador dedicado, enfrenta perseguição dos demais pescadores. Criticado por sua fé inabalável em Jesus, ele não tem permissão para pescar em determinadas áreas. Isso aumenta os desafios, dificultando o fardo de manter uma renda. Entretanto, a situação se complica mais com pescadores concorrentes que querem dominar as zonas de pesca. Isso resulta em ameaças, violência e até mesmo mortes, colocando o pai de Jenny em risco constante. Apesar disso, eles confiam que Deus proverá suas necessidades.
Certo dia ficou gravado na memória de Jenny, quando ela presenciou o pai chorando pela primeira vez. “Foi realmente terrível ver meu pai voltar para casa devastado após o trabalho”, conta. Na época, houve um caos na zona de pesca porque pescadores concorrentes recorreram à violência e tornaram os cristãos um alvo, chegando a matá-los. “Meu pai não pescou por semanas por causa da insegurança. Foi um tempo difícil para nossa família, mas sou grata a Deus por tomar conta de nós e nos ajudar”, continua.
Paixão por aprender
No Sudeste Asiático, crianças cristãs de uma tribo considerada inferior participam de programa de alfabetização que lhes garante novas oportunidades
Na escola, Jenny é discriminada por professores e colegas de classe, que baseiam suas opiniões apenas no contexto tribal dela. Com isso, muitas vezes ela fica sozinha, sem ter amigos. “Eles me tratam mal porque não tenho condições de comprar as mesmas coisas que eles. Embora estejamos no mesmo lugar, eles se mantêm distantes de mim. Eu também ouço palavras maldosas não apenas sobre mim, mas sobre minha família”, explica.
Já na quarta série, Jenny tem uma paixão por aprender que queima mais forte do que nunca. Com o programa de alfabetização, além de ser preparada com ferramentas necessárias para se destacar academicamente, um brilho poderoso foi aceso em Jenny. Agora, ela pode sonhar alto. “Com o programa de alfabetização, eu desenvolvi habilidades de leitura e escrita, o que permitiu me desenvolver nos estudos”, compartilha.
A matéria favorita de Jenny é matemática. Ela gosta de resolver problemas, pois assim ela consegue de fato ajudar a mãe. “Quando mamãe e eu vamos ao mercado juntas, eu a ajudo a contar o pagamento”, conta. Hoje, Jenny está entre os melhores alunos da sala. “Eu quero fazer uma diferença positiva na vida dos outros. Quero ser uma professora”, compartilha.
Quando chega o Natal
Durante o Natal, Jenny, sua família e a igreja doméstica se reúnem para cultuar com músicas e danças
O amor inabalável de Jenny por aprender brilha com intensidade, mesmo frente às adversidades. Apesar de suportar comentários maldosos e críticas dos colegas de sala e professores por causa de seu contexto tribal, ela permanece determinada e sedenta por conhecimento. A resiliência e o espírito inabalável inspiram muitos que estão ao lado dela, oferecendo a esperança de que desafios podem ser superados com perseverança e ajuda.
Durante o Natal, Jenny, sua família e a igreja doméstica se reúnem para cultuar com músicas e danças, seguido por uma alegre refeição. Quando questionada sobre o que pensa do Natal, ela compartilha: “Eu simplesmente amo o Natal porque ele me enche de alegria. Nós brincamos de jogos, temos uma refeição deliciosa e trocamos presentes. É a única época em que recebo presente, o que o torna ainda mais especial para mim! Além disso, Jesus morreu por nossos pecados. Durante o Natal, eu lembro o quanto ele ama a mim e minha família”.
No último Natal, Jenny desejou boa saúde aos pais. Ela sonha em crescer e deixar os pais orgulhosos com a ajuda de Deus. “Quero ser líder de jovens na igreja doméstica, assim como minha irmã mais velha. Oro e espero que um dia eu ajude outros a crescerem na fé.”