A morte ainda tem poder para trazer tristeza, mas não será assim para sempre”, disse o pastor.
John Piper lembra das pessoas enlutadas no Natal. (Foto representativa: Piqsels) |
O final do ano se aproxima e nem todas as pessoas estão com a mesma alegria no coração. Muitas estão cheias de saudade, tristeza e lágrimas pelas perdas sofridas. Segundo o pastor John Piper, essas pessoas precisam de conforto.
Num artigo publicado no site Voltemos ao Evangelho, o pastor dá “5 conselhos para que sejamos um presente e não um fardo para os enlutados”.
“Para aqueles que perderam recentemente alguém que amam, as festas de fim de ano podem parecer mais algo para se sobreviver do que para se desfrutar. As tradições e eventos que podem acrescentar tanta alegria e significado a esta época são marcadas por lembranças dolorosas da pessoa que amamos e que não está mais aqui para compartilhar desses momentos”, explicou.
“Muitos gostariam de encontrar um lugar tranquilo para se esconder até o dia 2 de janeiro. Enquanto isso, aqueles dentre nós que estão próximos de pessoas enlutadas não podem consertar a dor da perda, mas podemos proporcionar conforto. As pessoas enlutadas gostariam que todos soubéssemos de pelo menos 5 verdades”, continuou.
1. Melhores momentos também são marcados pela ausência de alguém
Ao explicar que nem todos estão animados no Natal, John Piper compartilha a experiência de uma pessoa: “Lembro-me de uma conversa que tive com uma amiga enquanto nos preparávamos para uma viagem de férias, logo após a morte de nossa filha Hope”.
“Ela disse: Isso vai ser divertido! Senti que deveria concordar plenamente com ela, o que eu não sabia explicar é que quando você perde um membro da sua família, mesmo os melhores momentos são dolorosamente incompletos. Fica faltando alguém. E mesmo os melhores dias e eventos mais felizes são tingidos de tristeza. Onde quer que você vá, a tristeza vai com você”, continuou.
2. O convívio social fica mais difícil
Piper também compartilha que “não entende por que as pessoas são difíceis com quem está de luto” e que elas não respeitam a necessidade de silêncio de quem está sofrendo.
“Jogar conversa fora pode ser insuportável quando algo tão significativo aconteceu. Conhecer novas pessoas provavelmente trará questões sobre família. Entrar sozinho em uma sala cheia de casais quando seu cônjuge morreu, ou em um evento cheio de crianças quando seu filho morreu, pode ser um lembrete doloroso do que você perdeu”, relacionou.
“Se você convidou alguém que está de luto para o seu evento de fim de ano, diga a essa pessoa que você entende, caso pareça muito difícil, e ela precise cancelar. Ou ainda se ela quiser ir embora mais cedo”, sugeriu.
“Quando encontrar uma pessoa enlutada em um evento social ou festa de fim de ano, fale sobre alguém que você perdeu e sente saudade. Convide essa pessoa a compartilhar suas memórias e não tenha medo de dizer o nome da pessoa que faleceu. Será um bálsamo para a alma daquele que está sofrendo com o luto”, disse.
3. Estar com parentes pode ser estranho e desconfortável
O luto costuma ser estranho, mesmo diante das pessoas mais próximas, conforme explica o pastor. Para ilustrar isso, Piper compartilha a experiência de outra pessoa: “Meu marido e eu organizamos retiros de fim de semana para casais que perderam filhos, e a dificuldade de estar com a família nas férias costuma ser um assunto de conversa entre esses casais”.
“Eles sabem que alguns membros da família acham que já sofreram o suficiente e querem que eles sigam em frente. Outros querem iniciar uma conversa sobre a pessoa que morreu, mas não sabem como. O que muitas vezes acontece é que o nome da pessoa que morreu nunca é mencionado e a pessoa que sofre sente que seu ente querido foi apagado da família”, explicou.
“Você conhece uma pessoa enlutada indo para uma reunião de família nas férias? Você pode perguntar sobre as expectativas deles quando estão com a família. E se eles tiverem um forte desejo de que seu ente querido seja lembrado de uma certa maneira, você pode incentivá-los e ajudá-los a escrever uma carta para a família com antecedência e declarar claramente o que traria conforto, em vez de esperar que a família saiba instintivamente”, disse.
4. Lágrimas não são um problema
Para a maioria de nós, a dor tende a se manifestar em lágrimas e elas podem surgir em momentos inesperados: “Às vezes, as pessoas enlutadas sentem que aqueles ao seu redor vêem suas lágrimas como um problema a ser resolvido e acham que as lágrimas devem significar que elas não estão indo muito bem com sua dor”.
“Faz sentido que a grande tristeza de perder alguém que amamos se manifeste em lágrimas, mas isso não é um problema. Lágrimas não refletem falta de fé. As lágrimas são um presente de Deus que ajudam a lavar a dor profunda da perda”, explicou o pastor.
“É um grande presente permitir que as pessoas em luto saibam que não precisam ficar envergonhadas por suas lágrimas e que elas têm liberdade para chorar com você. Um presente ainda maior é chorar junto, pois suas lágrimas refletem o valor da pessoa que morreu e garantem aos enlutados que não estão sozinhos na saudade dessa pessoa”, resumiu.
5. Ficar feliz no Natal pode ser difícil
Pessoas enlutadas sentem o cansaço da vida e da morte e não entendem a alegria das pessoas ao redor. Elas precisam desesperadamente da realidade de Cristo para romper sua solidão e desespero, conforme diz Piper.
“Embora não desejemos pregar para eles, procuramos a oportunidade de compartilhar o conforto e a alegria encontrados na vinda do próprio Deus em Cristo para nos resgatar”, destacou.
Ao lembrar que a vida de Jesus começou num berço de madeira e terminou numa cruz de madeira, o pastor lembra que não foi uma morte sem sentido e sem significado: “Foi uma morte que venceu a morte, seguida por uma nova vida ressurreta”.
“A morte ainda tem poder para trazer tristeza, mas não será assim para sempre. O que Cristo colocou em movimento quando derrotou a morte em sua primeira vinda, será plenamente concretizado quando ele vier novamente. E esta é a nossa grande esperança no Natal. Vamos compartilhar isso com aqueles que estão sofrendo”, concluiu.