Filha de pastores sobrevive a síndrome rara e diz: “Deus tem um propósito na minha vida”

Raquel Soares Folly foi diagnosticada com síndrome de Steven Johnson e quase perdeu a vida.

Raquel Soares Folly. (Foto: Arquivo pessoal concedido ao Guiame)

Raquel Soares Folly passou 34 dias internada e quase perdeu a vida após ser diagnosticada com síndrome de Steven Johnson, em dezembro de 2023. Hoje, ela está curada e desfruta da bondade de Deus.

A jovem, de 26 anos, mora em Macaé, no Rio de Janeiro. No dia 16 de novembro, Raquel se sentiu mal no trabalho e percebeu manchas vermelhas pelo corpo.

No dia seguinte, seu rosto estava inchado e as manchas pioraram. Seus pais, Marcos Antônio Folly e Simone Soares da Silva Folly — pastores da Igreja Sara Nossa Terra da região — a acompanharam até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). 

Lá, os médicos desconfiaram de uma doença chamada “Steven Johnson”. Dois dias depois, começaram a aparecer bolhas no corpo de Raquel e ela foi levada para o “Hospital Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva” (HPM), de Macaé. 

A partir deste momento, o quadro da jovem piorou. Ela tinha feridas por todo o corpo, que também eram internas.

Como ela não conseguia falar e se alimentar, os médicos lhe colocaram uma sonda. No entanto, Raquel começou a vomitar sangue porque as bolhas internas estavam estourando.

Depois de quase sufocar em duas ocasiões, os médicos decidiram entubá-la para liberar as vias aéreas e ela foi transferida para o CTI.

Em entrevista ao Guiame, Raquel disse: “Fiquei assustada. Eu não podia falar e tentava me comunicar com gestos, às vezes era difícil as pessoas entenderem”.

Segundo a mãe, Raquel contraiu a alergia após fazer uso de uma medicação para TDAH, durante 23 dias.

“Durante estes dias, essa foi a única coisa nova que entrou em sua vida. E geralmente, esta alergia é causada por medicação”, explicou Simone.

E continuou: “À princípio, eu e meu esposo não sabíamos o que era. Procuramos na Internet e vimos que eram erupções na pele. Ver na Internet é uma coisa, olhar minha filha daquela forma me fez chorar. Mas, sequei as lágrimas para dar forças a ela. O médico de plantão me disse: ‘É grave e pode piorar’”.

Corrente de oração 

Enquanto a filha estava na enfermaria, Simone mobilizou a igreja para interceder por ela:

“Quando o médico disse que era grave e poderia piorar, eu e meu esposo recebemos a direção de Deus de fazer uma corrente de oração. Compartilhamos a situação de Raquel e pedimos orações por ela. Todos os dias, enviamos notícias da Raquel especificando qual a necessidade de oração daquele dia”. 

“Diariamente, mesmo ela estando sedada, orávamos e cantávamos louvores. A nossa igreja fez dois momentos de oração no hospital onde recebemos pessoas de outras denominações”, acrescentou. 

Os médicos informaram que eles estavam fazendo tudo que era possível. Raquel ficou entubada até o dia 23 de novembro e no dia seguinte, começou o processo de “troca de pele”: 

“As lesões são como uma queimadura de segundo grau por todo corpo. Foi feito um tratamento a laser e uma dentista também fazia o tratamento a laser por toda parte bucal”, relatou a mãe.

No dia 2 de dezembro, as feridas começaram a cicatrizar. Segundo a equipe médica, o processo de cicatrização foi rápido. “Foi surpreendente. Milagre, é o que ouvíamos”, disse Simone.

Complicações no hospital 

Os pais pensaram que o quadro de Raquel estava melhorando. No entanto, ela desenvolveu uma anemia e precisou fazer três transfusões de sangue.

No dia 4 de dezembro, quando eles chegaram para visita, encontraram Raquel novamente entubada com pneumonia nos dois pulmões.

A jovem passou oito dias entubada até que surpreendeu os médicos — que mais uma vez afirmaram ter acontecido um milagre — pois no dia 11, Raquel já estava com os pulmões limpos.

A jovem, que aceitou Jesus aos 12 anos, afirmou que apesar das circunstâncias, não perdeu a fé.

“Teve momentos que fiquei triste querendo ir logo para casa e voltar para minha rotina. Mas, mesmo triste, eu confiava em Deus e sabia que no fim iria sair dessa situação”, declarou ela.

A equipe médica precisou baixar a imunidade da jovem para que o corpo dela parasse de reagir a alergia. Com isso, Raquel pegou uma bactéria no hospital que gerou uma pneumonia. 

Depois de superar diversas complicações e passar 29 dias no CTI, Raquel recebeu alta do hospital no dia 21 de dezembro.

Foi um momento de alegria pois estava ansiosa para ir para casa e ficar no meio das pessoas que amo. Tenho testemunhado o quanto Deus me ama. Ele tem um propósito na minha vida e eu vou cumprir”, contou Raquel.

Recuperação 

Hoje, Raquel está fazendo uma série de tratamentos em casa e continua apresentando melhoras. 

Ainda estou com muitas lesões na pele, a dermatologista pediu para evitar o toque de pessoas por risco de infecção na pele, principalmente no rosto, costas e mãos. Estou com dificuldades para movimentar a mão e o braço direito, dói muito. Também estou fazendo um tratamento na vista esquerda, pois a alergia deu uma conjuntivite”. 

E continuou: “Faço fisioterapia porque perdi massa muscular e fui encaminhada para cardiologista por estar com o batimento cardíaco alto. Porém, a cada dia estou me fortalecendo”.

“Ter ela hoje conosco é maravilhoso porque vimos a resposta de Deus em cada necessidade que colocamos diante dele”, relatou Simone.

A mãe agradeceu a equipe do hospital onde “viram a mão de Deus”, cuidando de sua filha.

“Depois desse milagre, sinto mais o amor do Senhor. Não tem como ser a mesma pessoa depois dessa experiência. Meu desejo é ser cada vez mais um instrumento nas mãos de Deus”, disse Raquel.

A jovem concluiu com uma mensagem para todos que enfrentam dificuldades: “Nunca deixem de confiar em Deus independente da situação. Ele tem um tempo e uma missão para cada pessoa. E ainda que não conseguimos entender o porquê, lá na frente eu creio que veremos o propósito”.

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