Christo Spies é capelão e treinador esportivo na África do Sul.
Christo ministrando no campo. (Foto: Reprodução/Facebook/Christo Spies)
Christo Spies cresceu tendo um relacionamento conturbado com seus pais. Quando seu pai faleceu, ele viu no esporte um refúgio.
“Felizmente, eu poderia praticar esportes. Eu poderia acertar qualquer coisa com uma bola”, disse ele ao Good Reports.
Depois do ensino médio, Christo começou a trabalhar em minas de ouro na África do Sul e economizou para comprar uma motocicleta. Duas semanas depois de comprar a moto, ele e o irmão viajaram próximo à região.
“Comecei a mostrar a ele como funcionam as gaiolas que me levavam para o subsolo todos os dias. E fiquei tão concentrado que fiz meia-volta na frente de um carro que se aproximava”, relembrou ele.
Depois que o veículo os atingiu, eles foram lançados no ar. Então, Christo levantou a cabeça e tirou o capacete pensando que estava bem.
“Quando quis levantar não consegui porque minha perna estava completamente fora do meu corpo”, disse ele.
Ele foi levado às pressas para um hospital local e os médicos conseguiram restaurar sua perna: “Achei que tudo ficaria bem. Mas fiquei três meses deitado apenas em uma posição. No final, a perna ficou com sepse no local onde foi fixada e depois da sexta operação me disseram que não podiam fazer nada. Eles tiveram que amputar minha perna”.
“Quando os médicos me contaram, comecei a xingar e jogar coisas neles. Ninguém poderia entrar no meu quarto. Quando minha mãe chegou, comecei a chorar porque a única coisa que eu podia fazer era praticar esportes e agora isso acabou, então eu chorei”, acrescentou.
Experiência sobrenatural
Na noite anterior à amputação, uma mulher entrou em seu quarto. “Ela disse que queria orar por mim e que iria orar a um Deus amoroso que ressuscitou pessoas dentre os mortos”, relatou o homem.
E continuou: “Ela disse: ‘Deus não causou o acidente. Mas, Ele estará com você em cada passo do caminho”. Quando ela colocou a mão no ombro dele e orou, Christo sentiu paz.
Ele perguntou aos funcionários do hospital sobre a mulher e ninguém sabia de visitantes que correspondiam à sua descrição. Por isso, ele acredita ter visto um anjo.
Após receber alta do hospital, Christo não queria voltar a trabalhar nas minas. Porém, ele também não tinha condições de praticar esportes.
“Eu não queria ter esse tipo de vida, então entrei na universidade para me tornar contador”, disse ele.
Nesse período, Christo recebeu uma prótese mas teve dificuldades para se adaptar.
De volta ao jogo
Um dia, Christo aceitou um convite para jogar uma modalidade chamada críquete. Nesse jogo, ele não precisaria correr e seria o rebatedor da bola.
No entanto, tempo depois, ele decidiu que iria tentar correr e foi surpreendido: “Eu fiz. De repente, percebi que era apenas uma coisa mental. Eu queria correr desesperadamente. Não ganhei uma nova prótese, só consegui correr”.
Depois disso, ele começou a jogar tênis, squash e raquetebol. Um amigo o convidou para um passeio de bicicleta de 1.000 quilômetros que serviria como arrecadação de fundos para uma causa cristã.
“Na primeira noite, eles nos dividiram em parceiros de oração, homens e mulheres, e eu consegui uma linda garota como parceira de oração. Ela queria orar e eu disse: 'Não consigo orar'”, contou ele.
E continuou: “Ela começou a ministrar o Evangelho. E eu vi que todas essas pessoas tinham algo que eu não tinha. Eu vi a alegria deles. Eu vi a maneira como eles se tratavam. Não era apenas sobre eles mesmos”.
Em um culto, os louvores tocaram seu coração e ele testemunhou: “Fui feito para isso. No final do passeio, entreguei minha vida ao Senhor”, afirmou ele.
Conforme ia crescendo em seu relacionamento com Jesus, Christo parou de xingar e de beber.
“Naquele período tive uma grande influência como professor porque enquanto seguia Cristo, tinha muita fome do Senhor”, contou ele.
Tempo depois, ele recebeu uma proposta de uma escola para se tornar professor de contabilidade e treinador de críquete, enquanto estudava teologia paralelamente.
Ministério
Após o seminário, Christo se tornou capelão e treinador de críquete. Então, um amigo que jogava em um time profissional o procurou para pedir conselhos.
“Ele achava que era um problema espiritual e enquanto eu o ouvia, percebi que não era um problema espiritual. Ele é um cristão dedicado. Foi um problema mental porque sua mente não permitia que ele se concentrasse no campo”, explicou Christo
Então, Christo lhe ensinou a fazer exercícios de treinamento mental e o atleta usou as dicas quando competiu.
“No dia seguinte, em um grande torneio, ele foi o melhor em campo”, afirmou o técnico.
Com esse resultado, o treinador do jogador ligou para Christo e disse: “O que você fez com esse cara? Venha e faça isso com toda a minha equipe”.
“Foi a primeira vez que fizeram uma preparação mental adequada. Deu certo e eles ganharam o título nacional naquele ano”, lembrou ele.
Não demorou para que outras equipes lhe procurassem: “Foi o Senhor que os enviou porque eu não tinha psicologia. Foi apenas a história da minha perna e algumas leituras que fiz sobre treinadores mentais americanos”.
E continuou: “Eu formei um sistema, e a base do sistema é a esperança. Romanos 15 diz que Deus é o que dá esperança”.
Christo recebeu uma ligação de Cassie Carstens, cofundador da Escola Internacional de Liderança Esportiva (ISLS) e que atua na liderança da International Sports Coalition (ISC). Ele também é responsável pelo movimento conhecido como O Mundo Precisa de um Pai.
“Eu não sabia que existia algo chamado ministério do esporte”, contou Christo.
Após esse contato, o técnico aceitou trabalhar na equipe de Carsten na Cidade do Cabo.
“Nosso propósito é servir e liderar as pessoas no esporte a um relacionamento crescente com Jesus Cristo e sua igreja. Temos acesso a atletas e treinadores que nenhuma organização ou igreja tem”, contou ele.
“Então, o Senhor me desenvolveu mais como treinador do que eu jamais teria conseguido sozinho. O maior presente da vida é o amor de Cristo e a maior alegria da vida é compartilhá-lo. É isso que tentamos fazer”, concluiu Christo.