Cristãos na Alemanha alertam contra projeto de lei que visa proibir orações em frente de clínica de aborto

 

Pavica Vojnovic de 40 Dias de Vida ADF Internacional


Cristãos na Alemanha estão expressando suas preocupações com um projeto de lei que visa estabelecer zonas de censura ao redor de instalações de aborto, potencialmente penalizando orações pró-vida e ofertas de ajuda, com multas de até € 5.000, ou US$ 6.300. O projeto de lei, criticado por sua linguagem vaga e necessidade questionável, busca evitar ações que o governo considere "confusas" ou "perturbadoras" a menos de 100 metros dessas instalações.

O projeto de lei é ambíguo e carece de evidências que apoiem a necessidade dessa legislação, diz o grupo de direitos humanos ADF International, apontando a admissão do governo de falta de dados concretos sobre incidentes perto de instalações de aborto.

O grupo traça paralelos com a experiência do Reino Unido, onde zonas tampão semelhantes levaram a desafios legais contra indivíduos que rezam perto de clínicas de aborto, referindo-se às Ordens de Proteção de Espaços Públicos no Reino Unido. Os PSPOs ameaçam a liberdade de expressão e o direito à oração pacífica, acrescenta o grupo.

Felix Böllmann, advogado alemão e diretor de Advocacia Europeia da ADF International, criticou o projeto de lei por criar confusão e potencialmente infringir direitos protegidos pelo direito internacional e nacional.

"O direito de rezar pacificamente é protegido pelo direito internacional e nacional. Não importa a opinião de alguém sobre o aborto, todos sofrem quando começamos a censurar o direito de falar livremente, orar ou participar de conversas consensuais", disse ele. "O governo federal quer proibir alguma coisa, mas não sabe o quê nem o porquê. Esta lei não proíbe a 'confusão', ela cria mais – tanto para os cidadãos que tentam entender a lei quanto para os policiais que terão que aplicar quaisquer novas proibições vagas."

A ministra da Família, Lisa Paus, do Partido Verde, apresentou o projeto de lei no mês passado, com o objetivo de equilibrar a liberdade de expressão com a proteção das mulheres que procuram aconselhamento em clínicas de aborto e centros de planejamento familiar contra o assédio, conforme relatado pela DW. A lei aplicaria uma zona de amortecimento de 100 metros, com infrações resultando em multas.

Paus disse na época que as mulheres deveriam ser capazes de receber bons conselhos sem serem confrontadas com "ódio e agitação". "É por isso que estamos encontrando um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o direito de reunião", disse Paus.

O projeto de lei está atualmente no Conselho Federal e ainda está aberto para alterações, de acordo com a ADF International. Será votado no Parlamento.

A legislação proposta gerou debate na Alemanha sobre a presença e o impacto de protestos pró-vida, semelhantes aos dos Estados Unidos. A Pro Familia, um centro de aconselhamento sobre aborto e planejamento familiar em Frankfurt, afirma que os protestos levam a efeitos negativos sobre os clientes.

O Escritório de Estatísticas da Alemanha informa que o país registra cerca de 100.000 abortos anualmente, uma diminuição em relação aos 130.899 de 1996.

Desde 1992, o aborto é legal na Alemanha. Em 2022, o governo eliminou uma lei que tornava ilegal para os provedores de aborto anunciar seus serviços, o que anteriormente poderia resultar em até dois anos de prisão ou multa, de acordo com o The Guardian.

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