Pastora morre durante tiroteio em comunidade no Rio: “Vivia falando de Deus”

Baleada na porta de casa, Marta de Jesus Gomes deixa esposo, sete filhos e netos.

Marta de Jesus Gomes. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na última quinta-feira (22), uma pastora foi morta durante um confronto entre milicianos e PMs, na comunidade da Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio de Janeiro

Marta de Jesus Gomes, de 43 anos, foi baleada na porta de casa depois que voltou de um supermercado com a filha. Ela foi socorrida e encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, mas não resistiu.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio.

Nas redes sociais, a filha de Marta compartilhou: "Vou fazer de tudo para ver a senhora no paraíso. Eu sempre vou lembrar da senhora dizendo: 'Filha, seja diferente das outras meninas. Seja o orgulho da mamãe'. Eu vou continuar fazendo isso pela senhora. Eu te amo muito".

Segundo o portal de notícias O Dia, na última sexta-feira (23), a pastora ia deixar a comunidade devido à violência no local e ir morar em Jacarepaguá. Ela deixou o marido, sete filhos e netos. 

Marta foi sepultada no Cemitério do Pechincha, Zona Oeste do Rio, no último sábado (24). 

Despedida

Segundo a família, Marta era conhecida como uma pessoa gentil e sempre engajada nas ações sociais da comunidade. 

"A Marta era uma pessoa incrível, membro da nossa igreja, ajudava todos sempre que possível. Infelizmente, mais uma vítima dessa violência. Vai fazer muita falta. Perda irreparável tanto para a igreja quanto para o bairro. Ela vivia falando de Deus, aconselhando as pessoas para o bem. Sempre queria o melhor para as pessoas", disse Agnaldo Santos, pastor auxiliar da igreja de Marta.

“A família está destroçada com essa perda. Todos arrasados com isso. O esposo, os filhos, todo mundo sem acreditar", acrescentou.

Ele informou que o esposo de Marta pediu orações logo após o ocorrido.

Membros da igreja relataram que Marta distribuía alimentos e realizava outras atividades promovidas pela congregação na localidade do Marcão.

"Queremos que seja feita justiça por ela. Queremos que essa situação mude e que ninguém mais tenha que chorar como a família dela. Vimos a filha dela pedindo para ir junto com ela. Isso não deveria acontecer", comentou uma amiga da vítima, que não quis se identificar.

Confrontos

Segundo O Dia, a comunidade da Gardênia Azul tem sido alvo da guerra por território entre traficantes e milicianos. 

Desde o início do ano, o número de trocas de tiros e confrontos na localidade se intensificou, com cerca de um registro por dia.

O confronto que matou Marta teria começado quando milicianos dispararam contra uma viatura que patrulhava a localidade conhecida como Marcão, no interior da Gardênia.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

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