O pastor Phillip Xavier* se dedicou a ajudar cristãos perseguidos após ser libertado do alcoolismo.
O pastor abandonou o vício em álcool para servir a Deus. (Foto: Ilustração/Portas Abertas) |
Phillip Xavier* cresceu em uma família cristã em Lahore, Paquistão. No entanto, ele não seguiu o exemplo de seus familiares e se tornou viciado em álcool.
Segundo o Global Christian Relief, o bairro em que Phillip morava é considerado uma região cristã no país. Lá, ele e um grupo de amigos cantavam para a vizinhança como forma de arrecadar dinheiro para comprar bebidas alcoólicas.
Um dia, após beber muito, ele desmaiou e só acordou dois dias depois. Enquanto estava desacordado, sua mãe orou por ele e após todo o constrangimento, Phillip reconheceu que precisava mudar de vida.
O homem cortou relações com os amigos viciados e começou a ler a Bíblia. Ele foi inspirado pelas palavras de Neemias 2:17b, que diz: “Vinde, vamos reconstruir o muro de Jerusalém, e não seremos mais envergonhados”.
Nesse momento ele sentiu que Deus estava o chamando para algo maior. Tempo depois, Phillip foi ordenado pastor e tinha o desejo de servir os jovens de sua vizinhança que lutavam contra o abuso de substâncias.
Nas igrejas locais, ele enfatizava a importância do desenvolvimento de habilidades e da educação para quebrar o ciclo da pobreza. O ex-viciado fundou uma congregação e um centro comunitário na região.
Trabalho forçado
No centro, o pastor conheceu Noman*, que veio de uma aldeia subdesenvolvida na zona rural do Paquistão. Apesar de não saber ler, o jovem era um excelente aluno, trabalhador e honesto.
Através das aulas no centro comunitário, Noman decidiu que abriria uma alfaiataria para sustentar sua família. No entanto, seis meses depois, o pastor visitou Noman e sua família e os encontrou trabalhando como escravos em regime de escravidão em uma das muitas olarias do Paquistão.
Quando Noman voltou para a casa na intenção de abrir a alfaiataria, descobriu que seus pais estavam devendo uma grande quantia que não conseguiam pagar. Então, ele fez um empréstimo com o proprietário de uma olaria.
Com isso, ele assumiu a tarefa de ajudar a família enquanto eles trabalhavam em um forno para pagar o empréstimo.
De acordo com o Global Christian Relief, muitos cristãos vivem presos num ciclo de trabalho forçado dentro das olarias. Proprietários influentes, em busca de mão de obra barata e prontamente disponível, têm como alvo comunidades cristãs vulneráveis que estão desesperadas por trabalho.
Assim, eles concedem empréstimos a estas famílias em momentos de necessidade, sabendo que terão dificuldade em pagar as dívidas.
Como resultado, muitas famílias são forçadas a trabalhar em regime de escravidão para quitar as dívidas. Esta manipulação sistemática perpetua um ciclo de pobreza e escravidão para as comunidades marginalizadas.
Agressão
Ao ver a situação de Noman, Phillip reuniu fundos para pagar a dívida da família. No entanto, quando chegou ao local para quitar o valor, ele não fazia ideia da perseguição que enfrentaria.
O dono do forno pegou o dinheiro do pastor e depois o agrediu. O proprietário e outros administradores reuniram um grupo de trabalhadores cristãos para testemunhar a agressão, com o objetivo de estimular o medo.
“Eles me agrediram continuamente por duas horas. Me arrastaram pelos cabelos, tiraram minhas roupas e depois formaram um círculo ao meu redor no qual me chutaram e esbofetearam”, disse o pastor.
E continuou: “Durante toda a provação, lembro de como todos os trabalhadores cristãos assistiram impotentes, chorando, enquanto testemunhavam o ataque”.
Phillip contou que um coproprietário da olaria acabou vendo o ataque e saiu para o defender: “Sua intervenção poupou minha vida”.
Depois da agressão, o pastor implorou ao homem que o espancou para libertar a família de Noman, mas ele se recusou.
Ministério
A partir desse momento, o pastor sentiu que precisava ajudar os cristãos perseguidos que trabalhavam nas olarias. Seu novo ministério é dedicado a arrecadar apoio e ajuda para os trabalhadores dos fornos.
Atualmente, Phillip tem trabalhado para estabelecer relacionamentos com os proprietários das olarias, para facilitar a libertação dos trabalhadores e suas famílias.
“Deus nos escolhe para cumprir a sua vontade. Agradeço a Ele por me escolher, um pecador e ex-viciado, para servir seu povo em meio a lutas e desafios”, concluiu o pastor.
*Nomes alterados por motivo de segurança.