Em uma decisão polêmica, um tribunal iraquiano decretou que uma mãe cristã, Elvin Joseph, junto com seus três filhos, se convertesse ao Islã. A decisão foi baseada na interpretação da Lei do Estatuto Pessoal do Iraque, que determina que as crianças devem adotar o Islã se um de seus pais se converter.
Joseph, moradora de Duhok, na região do Curdistão, viu-se envolvida nessa situação legal após a revelação da conversão de sua mãe ao Islã após seu divórcio e subsequente novo casamento com um homem muçulmano.
"Eu sou cristão", afirmou Joseph em entrevista à Rudaw Media Network. "Sou casado com um homem cristão. Tenho três filhos cristãos. Minha educação foi na nossa língua. Todos os meus documentos oficiais são cristãos. Nosso casamento é registrado pela igreja".
Apesar dessas declarações, a lei, que foi promulgada em 1959, insiste que seus laços familiares com o Islã exigem a conversão dela e de seus filhos, disse a ONG International Christian Concern, com sede nos EUA, em um comunicado.
As implicações desta lei vão além da mera identidade religiosa, afetando os direitos matrimoniais, sucessórios e de guarda sob as disposições da lei Sharia. Joseph, como resultado, enfrenta desafios legais para manter sua união conjugal com um marido cristão.
Sami Patros, marido de Joseph, detalhou a situação durante um encontro no Escritório Nacional de Carteira de Identidade. Naquele escritório, "eles disseram que sua sogra havia se convertido ao Islã e, portanto, disseram que sua esposa deveria se tornar muçulmana também. Isto também se aplica aos meus filhos; sua religião deve ser mudada do cristianismo para o islamismo".
O caso chamou a atenção de Akram Mikhail, um advogado versado em defender famílias cristãs em situações semelhantes. "Isso força alguém a se converter ao Islã, com força. Não sou especialista no Islão, mas é no Islão que não se pode forçar a religião aos outros", disse Mikhail.
Uma conferência recente na Universidade Católica de Erbil, com a presença de figuras notáveis, incluindo o presidente da região do Curdistão, Nechirvan Barzani, centrou-se nas ramificações da Lei do Estatuto Pessoal. A conferência teve uma participação significativa da comunidade cristã em todo o Oriente Médio. Khaldun Saelayte, da Jordânia, e Mohammed Nuqal, do Líbano, falaram sobre as disparidades nas leis religiosas que afetam os cristãos no Iraque em comparação com países vizinhos como Líbano, Jordânia e Síria, onde os cristãos são governados por suas próprias leis de status pessoal.
A conferência teria terminado com uma série de recomendações, instando os líderes cristãos a elaborar propostas de reformas para a Lei do Status Pessoal.