Com a crise política e econômica no país, cristãos se uniram para orar pelo futuro da nação.
Cristãos orando pela nação. (Foto: Reprodução/YouTube/Diario La Prensa - Premium) |
Em meio ao cenário político na Venezuela, cristãos estão se reunindo para orar pela reconciliação e o bem-estar do país e a proteção de todos os seus habitantes. Reuniões públicas de oração têm sido realizadas tanto na Venezuela, como em outros países.
A Venezuela atravessa uma profunda crise econômica que causou altos níveis de pobreza em diversas famílias. Segundo a agência de refugiados do país, cerca de 8 milhões deixaram a nação nos últimos anos. Também há escassez de medicamentos e necessidades críticas noutros serviços públicos.
Ramón Ferrer, apóstolo e presidente da Confraria dos Ministros do Evangelho do estado de Lara (Cominela), afirmou que todos os venezuelanos são pessoas de fé e que acreditam na intervenção divina e que Deus está no controle de tudo.
“Deus não se esqueceu da Venezuela, oramos segundo o que Jesus nos ensina em sua Palavra e que se faça a sua vontade na terra”, disse Ferrer.
Jualba Hidalgo, líder da Igreja Evangélica, destacou que o motivo da oração é interceder por todas as necessidades que os venezuelanos têm, nos setores de saúde, educação e trabalho.
Cenário político
Após Nicolás Maduro ser declarado vencedor das eleições presidenciais, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra suposta fraude nos resultados.
Segundo as autoridades do país, o líder do regime chavista venceu as eleições com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González, e uma diferença de meio milhão de votos.
As pesquisas anteriores à votação previam uma derrota clara do presidente. Com isso, os cidadãos estão exigindo “liberdade” e uma recontagem transparente.
Segundo a agência de notícias Reuters, Maduro disse que sua reeleição é um triunfo de paz e estabilidade. Além disso, destacou sua afirmação de campanha de que o sistema eleitoral da Venezuela é transparente.
Maria Corina Machado, líder da oposição, informou que Edmundo Gonzalez obteve 70% dos votos e que diversas pesquisas de boca de urna independentes e contagens rápidas mostraram sua vitória.
O presidente do conselho eleitoral nacional (CNE), Elvis Amoroso, disse em uma declaração televisionada que cerca de 80% das urnas foram contadas, e acrescentou que os resultados foram atrasados devido a uma "agressão" contra o sistema de transmissão de dados eleitorais.
O CNE pediu ao procurador-geral que investigue as "ações terroristas", alegou Amoroso, acrescentando que a participação foi de 59%.
A oposição alega que o CNE deveria ser um órgão independente, mas seus atos são um braço do governo. Eles afirmam que têm cópias de cerca de 40% dos registros de votação.
De acordo com a Reuters, a principal autoridade da oposição que deveria testemunhar a contagem geral nacional não foi autorizada, e houve várias seções eleitorais onde observadores da oposição não foram autorizados a assistir.
Gonzalo Himiob, vice-presidente da organização de direitos humanos Foro Penal, contou que desde a última sexta-feira (26), 46 pessoas foram detidas arbitrariamente em conexão com as eleições e pelo menos 23 continuam detidas.
Enquanto isso, migrantes em todo o mundo relataram dificuldades para se registrar e apenas uma pequena porcentagem da grande diáspora venezuelana estava registrada para votar.
A Igreja no país
Num país com uma elevada percentagem de cristãos, nos últimos anos, Maduro demonstrou um suposto apoio de pastores evangélicos à sua liderança.
No entanto, entidades como o Conselho Evangélico da Venezuela pediram que “a fé não seja politizada”. Segundo o Protestante Digital, pastores no país e no exílio denunciaram em muitas ocasiões a tentativa do governo de usar líderes religiosos com ideias semelhantes para fortalecer o regime, com ajuda financeira através de projetos sociais.
A maioria dos evangélicos que deixaram o país nos últimos anos e foram para Colômbia, Espanha, Brasil ou Estados Unidos afirmam que oram pela queda do regime. Muitos manifestaram esse desejo após as eleições de 2019, que também gerou uma onda de protestos.
A Constituição da Venezuela garante a liberdade de religião e determina que todos têm o direito de expressar suas crenças, desde que sua prática não viole a moralidade pública, a decência ou a ordem pública.
Recentemente, a AP News informou que grupos religiosos alegam que costumam desfrutar de liberdade de religião ou crença, desde que não critiquem figuras ou políticas alinhadas a Maduro.
Representantes da conferência de bispos católicos da Venezuela e do Conselho Evangélico da Venezuela dizem que os apoiadores de Maduro continuam a assediar verbalmente líderes e membros de suas comunidades religiosas por chamarem a atenção para a crise humanitária do país e outras críticas a Maduro.