Segundo a organização Release International, líderes cristãos foram torturados e assassinados por sua posição cristã no conflito.
Igreja na Ucrânia. (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/YouTube/CBN News). |
Em meio à guerra da Ucrânia e da Rússia, cristãos estão enfrentando perseguição por sua fé.
Segundo a Release International, uma organização que apoia os cristãos perseguidos no mundo, casos de perseguição contra ucranianos e russos têm aumentado devido às suas posições cristãs sobre o conflito.
"Líderes cristãos foram torturados, desaparecidos e assassinados por assumirem uma posição cristã, no que parece preocupantemente um retorno aos velhos tempos da perseguição cristã sob a União Soviética”, denunciou Paul Robinson, CEO da Release International.
Na Rússia, Eduard Charov, um pregador de raízes ortodoxas e pentecostais de 53 anos, está sendo julgado após postar a frase "Jesus Cristo teria ido matar na Ucrânia?" nas suas redes sociais.
Conforme a ONG Forum 18, a postagem foi feita em 2023 e Eduard pode ser condenado a uma pena de prisão de cinco a sete anos, ou uma multa de mais de 60 mil reais.
Eduard foi acusado de desacreditar o exército russo. Enquanto aguarda o fim do julgamento, o russo foi proibido de sair de seu distrito, e de usar o telefone e a internet.
Ele e sua esposa Inna administravam um abrigo para sem-tetos no país. Em entrevista ao jornal russo Takiye Dela, o pregador revelou:
“Muito provavelmente, tudo terminará com uma pena de prisão para mim. Já tenho uma mala pronta em casa. Minha esposa cuidará do abrigo enquanto isso. E continuarei a ajudar as pessoas na prisão. Há pessoas necessitadas em todos os lugares”.
Ioann Kurmoyarov, líder de uma igreja local, de 56 anos, foi preso após criticar o apoio da Igreja Ortodoxa Russa à invasão na Ucrânia, em vídeos no YouTube. Ele foi proibido de publicar comentários na internet durante dois anos.
“Bem-aventurados os pacificadores, aqueles que desencadearam agressão não estarão no Céu”, afirmou Ioann, na época.
Em cidades ucranianas ocupadas pelo exército russo, a perseguição é mais extrema. Alguns líderes cristãos foram torturados, mortos e desapareceram.
No início deste mês, a Suprema Corte da Crimeia, região controlada pela Rússia, prendeu um líder cristão por acusações de suposta espionagem.
Em fevereiro, o corpo de um padre ortodoxo ucraniano foi encontrado nas ruas de Kalanchak. Stepan Podolchak, de 59 anos, foi torturado até a morte pelas forças russas.
Em novembro de 2023, o líder pentecostal Anatoly Prokopchuk e seu filho Aleksandr de 19 anos foram sequestrados e mortos em Kherson. Quatro dias depois, seus corpos foram encontrados mutilados em uma floresta.
Igreja na Ucrânia
De acordo com o Release International, a Igreja na Ucrânia sofreu uma longa perseguição durante a era soviética. Hoje, o cristianismo ortodoxo é a religião predominante no país, enquanto os protestantes representam menos de 5% da população.
Desde sua independência, a Ucrânia garante liberdade religiosa. Porém, a guerra atual vem afetando a liberdade dos cidadãos.
As regiões separatistas de Donetsk e Luhansk experimentaram uma diminuição da liberdade religiosa desde 2014. O Fórum 18 informou que as igrejas protestantes foram fechadas e tornadas ilegais nas duas regiões.
O último relatório da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional registrou o aumento de casos de perseguição na Rússia e na Ucrânia.
"Nos territórios ocupados pela Rússia [da Ucrânia], as autoridades de fato proibiram grupos religiosos, invadiram casas de culto e líderes religiosos desapareceram”, afirmou.
"Na região de Zaporizhzhia, as autoridades russas proibiram a Igreja Greco-Católica Ucraniana e fecharam as igrejas Ortodoxa da Ucrânia, Católica Romana e Batista. No final do ano, o paradeiro de vários padres que as forças russas haviam detido permaneceu desconhecido”, acrescentou o relatório.