Uma comunidade indígena minoritária vem sofrendo com repetidos ataques no país.
Protesto no México. (Foto: Reprodução/CSW) |
Recentemente, os últimos protestantes em uma comunidade indígena no México, onde o catolicismo é a única religião permitida, foram forçados a deixar suas casas após um incêndio na igreja local.
O incidente, que ocorreu no dia 6 de agosto deste ano, levou os cristãos às ruas para protestar contra a perseguição religiosa.
Os membros da Igreja Cristã Protestante Interdenominacional (ICIAR) e seus apoiadores protestaram no estado de Oaxaca, no dia 19 de agosto, denunciando graves violações da liberdade religiosa na comunidade de San Isidro Arenal, no município de San Juan Lalana.
Segundo a organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), membros do ICIAR foram submetidos à discriminação, violência e detenção arbitrária desde novembro de 2023. Atualmente, eles enfrentam um iminente deslocamento forçado devido às suas crenças religiosas.
Em um comunicado à imprensa, a chefe de advocacia da CSW, Anna Lee Stangl, disse:
“Estamos com aqueles que estão levantando suas vozes hoje em todo o México em apoio à liberdade de religião ou crença para todos”.
“É necessário que os governos do município de San Juan Lalana e do estado de Oaxaca, e no nível federal, tomem medidas urgentes para defender a Constituição mexicana e garantir que a liberdade de religião ou crença seja um direito desfrutado por todos, independentemente de onde vivam ou de sua identidade etnolinguística”, acrescentou.
Aumento da perseguição local
Oaxaca fica a apenas 3 km de Hidalgo, onde cristãos em várias aldeias indígenas têm sofrido perseguições semelhantes, sendo expulsos de suas casas e igrejas, a menos que se convertam ao catolicismo.
Na região, a perseguição aumentou no dia 6 de agosto, quando uma multidão de 300 homens tomou as terras e o gado das últimas famílias de minorias religiosas, destruiu suas plantações e queimou sua igreja.
Em 16 de agosto, os pastores Moisés Sarmiento Alavés e Esdrás Ojeda Jiménez foram à comunidade junto com outros dois homens para participar de um processo judicial anunciado pelo Ministério Público do Estado de Oaxaca.
No entanto, quando chegaram lá, foram informados que o processo nunca ocorreu e em seguida foram atacados por uma multidão.
“Eles foram despidos, espancados, detidos por mais de seis horas e forçados a assinar um documento que não tiveram a oportunidade de ler. Mais tarde, os quatro homens foram finalmente libertados pela polícia naquele mesmo dia”, relatou a CSW.
O advogado e representante da Fellowship of Pastors, Porfirio Flores, contou à CSW que “maior atenção deve ser dada à questão da liberdade religiosa em Oaxaca. Uma mudança fundamental é necessária em relação aos problemas decorrentes de acusações civis e religiosas dentro de sistemas normativos internos, respeitando o estado secular”.
Um acordo comunitário de 1993 determina o catolicismo romano como a única religião permitida em San Isidro Arenal, um sistema permitido pela Lei de Usos e Costumes.
Desde então, cristãos protestantes em comunidades católicas indígenas sofrem com a perseguição, mesmo com a liberdade religiosa sendo garantida na constituição do México.
“A situação volátil em San Isidro Arenal é mais um exemplo de como a falha do governo em intervir nos estágios iniciais de casos de intolerância religiosa e sua negligência com a educação em torno da liberdade de religião ou crença levou as autoridades locais a acreditarem que podem impor a adesão e a prática religiosa e cometer atos criminosos contra aqueles que acreditam de forma diferente com impunidade”, destacou Stangl.
E concluiu: “Medidas concretas devem ser tomadas agora para proteger os membros da minoria religiosa em San Isidro Arenal, e aqueles que são responsáveis por crimes cometidos contra eles devem ser responsabilizados por suas ações”.