O governo de Daniel Ortega ainda determinou o confisco dos bens das organizações, incluindo imóveis.
Igreja na Nicarágua. (Foto: Imagem ilustrativa/Facebook). |
O governo ditatorial da Nicarágua fechou mais 1.500 Organizações Não-governamentais (ONGs), muitas delas de igrejas evangélicas.
O governo de Daniel Ortega ordenou o cancelamento do status legal das organizações, após o Ministério do Interior determinar que as ONGs não haviam cumprido suas obrigações de informar movimentações financeiras, durante períodos que variam de 1 a 35 anos.
As autoridades alegaram que a falta de relatórios financeiros detalhados – com dados sobre receitas, despesas, balanços e detalhes das doações – dificultava o controle e a supervisão da Direção Geral de Registro e Controle do Ministério do Interior.
De acordo com o governo nicaráguo, a não prestação de contas causou incerteza sobre a identidade dos gestores que geriam os recursos e executavam os projetos das ONGs.
O Ministério do Interior da Nicarágua ainda determinou que os bens, incluindo imóveis, das organizações fechadas sejam transferidos para o Estado.
Entre as ONGs banidas estão: Associação Igreja Casa del Rey, Associação de Igrejas Santidade a Jeová Pentecostal, Associação Evangélica Reverendo Santos Acosta, Asociación Iglesia Cristiana la Roca na Nicarágua, Associação Evangelística Jesus Cristo "A Videira Verdadeira", Associação Cristã "Igrejas Evangélicas Romanos 8:28", Associação do Ministério Apostólico, Visão 20/20, Fundação Vida com Propósito, Associação de Fraternidade de Pastores Evangélicos da Nicarágua, Associação Conselho Internacional de Igrejas Evangélicas o Príncipe da Paz, entre outras.
Desde o início dos protestos populares em 2018, o governo já dissolveu mais de 3.550 ONGs, sendo que várias delas eram evangélicas.
Repressão na Nicarágua
A Nicarágua enfrenta uma crise política, social e de liberdades que se agravou após as polêmicas eleições gerais realizadas em 7 de novembro de 2021, quando Daniel Ortega foi reeleito para um quinto mandato.
Durante os últimos quatro mandatos, a esposa de Ortega, Rosario Murillo, ocupou o cargo de vice-presidente da Nicarágua. No entanto, durante esse período, os principais opositores políticos do casal encontram-se presos ou exilados.
Além de entrar em conflito com a Igreja Católica, o governo fechou inúmeras entidades, apropriando-se de seus bens.
Perseguição aos evangélicos
Os cristãos evangélicos também enfrentam perseguição, tornando-se alvos de repressão e restrições em sua liberdade religiosa.
A organização Portas Abertas, que incluiu a Nicarágua no 30º lugar em sua Lista Mundial de Observação de 2024, destaca que "a hostilidade para com os cristãos na Nicarágua continua a se intensificar, sendo aqueles que se manifestam contra o presidente Ortega e o seu governo vistos como agentes desestabilizadores".
O diretor do ministério Mountain Gateway, John Britton Hancock, é um missionário norte-americano que está sendo procurado pelo regime da Nicarágua.
Em entrevista ao site de notícias latino-americano Evangelico Digital, ele denunciou que "neste momento, há cem pastores presos".