10 mil igrejas são fechadas pelo governo e pastores são perseguidos em Ruanda

Alegando falta de regulamentação dos templos, as autoridades estão reprimindo o cristianismo no país africano.

Igreja em Ruanda. (Foto: Imagem ilustrativa/Wikimedia Commons/Adam Jones, Ph.D).

O governo de Ruanda continua fechando milhares de igrejas, em uma ação de repressão à fé que iniciou no final de julho.

Segundo o Religion News Service, o número de templos fechados já chegou a quase 10.000.

As autoridades estão usando o pretexto de proteger os cidadãos de abusos pastorais e locais sem segurança para reprimir o cristianismo no país africano.

O governo alegou que os locais de culto barrados estavam fora das exigências de funcionamento, estabelecidos por leis em 2018.

A lei exige que os líderes religiosos tenham diploma de teologia, que as igrejas se registrem no governo e que tenham declarações de fé esclarecendo sua doutrina. As declarações das denominações precisam ser enviadas ao Conselho de Governança de Ruanda, a agência governamental que regula as casas de culto e outras organizações.

Igreja transformada em mesquita

Segundo o Dr. Stephen Isaac, vice-presidente de Assuntos Acadêmicos do Instituto Bíblico Totalmente Equipado, a regulamentação gerou uma crise grave para a Igreja ruandesa.

"Quase todos os pastores com quem falei estão profundamente preocupados e a maioria sofreu perseguição, incluindo um pastor cujo prédio foi apreendido e convertido em mesquita. O que os governos estão exigindo resultará no fechamento de igrejas em toda a África”, alertou ele.

Isaac observou que os pastores não conseguem cumprir as exigências por falta de recursos financeiros para frequentar uma faculdade de teologia. Já os pastores de áreas rurais não podem deixar suas igrejas, famílias e o trabalho para estudar.

O Instituto Bíblico Totalmente Equipado, uma universidade cristã com sede nos Estados Unidos, está oferecendo bolsas acadêmicas e acesso on-line para líderes obterem diplomas de bacharel, com o objetivo de evitar o fechamento de mais igrejas.

“É difícil expressar totalmente o quão urgente é essa situação. Parece que estamos correndo à frente de um incêndio florestal. Os pedidos de bolsas de estudo estão chegando. Homens e mulheres fieis e corajosos estão desesperados para manter as portas de suas igrejas abertas e simplesmente não têm dinheiro para adquirir os diplomas de bacharel que seus governos exigem”, comentou a Dra. Victoria Isaac, presidente do Instituto Bíblico.

Exigências rigorosas

As exigências legais também incluem: as paredes da igreja devem ser equipadas com isolamento acústico; as estradas de acesso à igreja, bem como os complexos da igreja, devem ser pavimentadas e todas as igrejas devem ter pára-raios.

Além disso, o governo exige que as denominações instalem um tipo específico de teto de lona (mesmo que o material apresente risco de incêndio).

Em Ruanda, a maioria das igrejas não têm condições financeiras de fazer as mudanças exigidas.

“Descobrimos que todas as igrejas estão sofrendo o mesmo destino e que mesmo as igrejas consideradas luxuosas para os padrões locais tiveram que fechar”, afirmou um analista local, em entrevista anterior ao World Watch Monitor.

O país da África Oriental com 12 milhões de habitantes é predominantemente cristão. Conforme o censo de 2022, cerca de 48% são protestantes, entretanto, a Igreja Católica Romana é a maior denominação.

Em 2019, Ruanda possuía 15.000 igrejas, 700 delas estavam legalmente registradas.

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