Com o aumento dos ataques de grupos extremistas, muitos estão perdendo suas casas e familiares.
Cristãos sofrem com o aumento da perseguição no país. (Foto: Ilustração/Portas Abertas) |
O pastor Barnabas faz parte dos milhões de cristãos que vivem em campos de deslocados superlotados na Nigéria, após um ataque de militantes Fulani em 2019, quando ele, seu falecido irmão e a esposa do irmão foram atacados em sua fazenda.
Armado com armas de fogo, facões e pedaços de pau, um dos terroristas quebrou a mão do pastor lhe causando uma lesão que ainda o afeta cinco anos depois. Apesar de escapar do ataque, seu irmão, Everen, e a cunhada, Friday, não conseguiram fugir.
"Agora, perdi tudo o que tinha. Tudo em minha casa e vila foi queimado; fiquei sem nada", disse Barnabas ao The Christian Post.
O pastor foi citado no novo relatório "No Road Home" (“Sem Caminho para Casa”) da missão Portas Abertas. Este relatório, detalha o deslocamento massivo de cristãos pela África subsaariana. Nos últimos cinco anos, Barnabas e sua família viveram em um acampamento onde as pessoas lutam diariamente para encontrar trabalho e sustentar suas famílias.
Lá, o pastor serve como ministro para seus companheiros cristãos que são forçados a viver no local devido à perseguição.
"Milhões de cristãos estão deslocados aqui na Nigéria. Assim como em toda a África. Estamos permanecendo na escuridão", disse Barnabas.
Aumento da perseguição
A Portas Abertas, que monitora a perseguição aos cristãos em mais de 60 países, informa que mais de 32 milhões de pessoas na África Subsaariana, incluindo 16,2 milhões de cristãos, foram forçadas a deixar suas casas nos últimos anos.
Essa fuga é impulsionada pela crescente violência, muitas vezes perpetrada por grupos extremistas islâmicos ou pastores fulani radicais, que já causaram a morte de dezenas de milhares em comunidades agrícolas predominantemente cristãs na última década.
O novo relatório da organização é baseado em dados coletados em dois estados da Nigéria, onde a violência levou ao deslocamento em massa de comunidades cristãs, colocando o país entre os 10 principais do mundo em termos de deslocados internos.
"Os deslocados internos cristãos foram desencorajados. E como pastor no acampamento, que também está deslocado, não tenho nada para dar a eles. Nós apenas oramos juntos e compartilhamos a Palavra de Deus", afirmou Barnabas.
"Nossos olhos estão em Deus. Nossa esperança está Nele. Colocamos nossa confiança Nele. Acreditamos que Ele é grande. Ele fará isso, mais do que esperávamos", acrescentou.
A violência local
A Portas Abertas alerta que a região é um dos lugares mais violentos do mundo para os seguidores de Jesus.
Embora a violência tenha impactado tanto cristãos quanto não cristãos, a missão destaca que "testemunhos registrados indicam que o Boko Haram, a Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) e grupos militantes Fulani têm deliberadamente como alvo cristãos ou comunidades cristãs, seus meios de subsistência, líderes religiosos e locais de culto".
"O pessoal de segurança do estado nigeriano falhou regularmente em responder de forma oportuna ou eficaz a ataques violentos contra cristãos", informou o relatório.
E continuou: "Essa falha criou desconfiança nas forças de segurança entre os cristãos. Além disso, a impunidade generalizada do estado para os perpetradores de violência encorajou um ambiente onde mais violência e maior deslocamento podem ocorrer e ocorrem".
De acordo com a Portas Abertas, números da Organização Internacional para Migração (OIM) indicam que o estado de Borno hospeda 74% dos deslocados na região nordeste da Nigéria.
Em dezembro de 2023, a OIM relatou que 1,7 milhão de deslocados foram hospedados somente no estado de Borno.
Ryan Brown, CEO da Portas Abertas dos EUA, afirmou que a África Subsaariana é o "lugar mais violento do mundo para os cristãos", destacando que as mortes relacionadas à fé na região "ultrapassaram" as de qualquer outra região no relatório anual da Lista de Observação Mundial da Portas Abertas da última meia década.