Saba Boota foi presa com outros cristãos após uma atividade evangelística na capital do Paquistão.
Mulher no Paquistão. (Foto: Ilustração/Unsplash/Allef Vinicius) |
Na última quarta-feira (4), uma cristã foi presa sob a lei de blasfêmia do Paquistão, junto com sua irmã e outros três cristãos. Apesar da extrema perseguição no país, ela afirmou que vai continuar pregando o Evangelho aos muçulmanos.
“Estou trabalhando para o Senhor e estou preparada para pagar o preço por este serviço”, disse Saba Boota ao Morning Star News.
Saba de 27 anos residente da colônia francesa em Islamabad (capital do Paquistão), sua irmã Anita Boota, de 24 anos, Adeel Shamaun, de 22 anos, Zubaeyen Samson, de 17 anos, e o cidadão britânico Jonathan Howard, de 34 anos, foram levados pela Polícia Ferroviária de Rawalpindi depois que membros do partido islâmico Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP) se opuseram às atividades evangelisrticas do grupo com os muçulmanos locais.
“Eu estava pregando para uma multidão na estação ferroviária quando alguns membros do TLP chegaram lá e começaram a intimidar nosso grupo, embora eu não tivesse dito nada contra a fé islâmica”, contou Saba.
Saba e sua irmã se juntaram à “United Mission of God Church” alguns anos atrás. Com mestrado em educação, Saba e sua irmã formaram um grupo evangelístico para compartilhar a mensagem de esperança e salvação de Cristo entre os muçulmanos.
“Na pregação, eu disse que ritos religiosos como jejum e Zakat [uma esmola anual que os muçulmanos devem pagar] não eram garantias para nossa salvação, e que Jesus Cristo é a única fonte de vida eterna. A multidão estava ouvindo quando os membros do TLP chegaram e interromperam a mensagem”, explicou Saba.
Ela acrescentou que os membros do TLP começaram a vaiar os cristãos, mas a intervenção da polícia evitou a violência.
Após serem interrogados por quatro horas, Saba contou: “Os oficiais concordaram conosco que não havíamos dito nada desrespeitoso ao islamismo, mas registraram um caso de blasfêmia contra nós devido à pressão exercida pelo TLP”.
‘Fomos chamados’
Saba contou que o cristão britânico, Jonathan, se juntou ao grupo paquistanês pela primeira vez para evangelizar na área.
“Esta foi nossa primeira missão com o irmão Jonathan. Os outros membros masculinos do grupo, Adeel e Shamaun, já compartilham da nossa paixão por servir a Cristo”.
Expressando a determinação do grupo em continuar com a missão, Saba disse que o caso policial e as ameaças de grupos islâmicos não os impedirão de compartilhar o Evangelho.
“Em Mateus 28:19-20, Cristo nos concedeu a missão global de espalhar o Evangelho. É um chamado para todos os crentes, prometendo sua presença conosco enquanto cumprimos esta comissão”, concluiu ela.
Blasfêmia no Paquistão
De acordo com o Morning Star News, os suspeitos de blasfêmia no Paquistão são geralmente mantidos sob custódia até que o julgamento e os recursos se esgotem. Além disso, a blasfêmia contra Maomé, o profeta do Islã, é punível com a morte e a condenação normalmente ocorre com poucas evidências legais.
Com isso, as leis de blasfêmia são frequentemente utilizadas como vingança para acertar contas pessoais ou para resolver disputas sobre dinheiro, propriedade ou negócios. No país, uma única alegação é suficiente para provocar uma multidão que se revolta e lincha os acusados.
Em 2023, centenas de pessoas foram presas no Paquistão devido a acusações de blasfêmia, com 552 detidas apenas na província de Punjab, segundo a organização de pesquisa Center for Social Justice (CSJ). Em junho de 2024, cerca de 350 indivíduos ainda estavam encarcerados, e entre janeiro e junho de 2024, 103 novas acusações de blasfêmia foram registradas, informou o CSJ.
O Paquistão ficou em 7º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 dos lugares mais difíceis para ser cristão.