O mapa mais antigo do mundo aponta a possível localização de onde a Arca de Noé repousou.
Mapa do mundo desenvolvido por babilônios na antiguidade. (Foto: The British Museum/Wikimedia Commons) |
Pesquisadores decifraram um mapa de cerca de 3.000 anos, gravado em uma antiga tábua de argila, e encontraram nele a possível localização da Arca de Noé.
O artefato babilônico, conhecido como “Imago Mundi”, mostra um diagrama circular com um sistema de escrita que utilizava símbolos triangulares para descrever a criação inicial do mundo.
A tábua, preservada no Museu Britânico, foi analisada recentemente, e uma investigação mais detalhada revelou uma referência bíblica nesse texto milenar, segundo o site britânico Daily Mail.
O que diz o mapa?
Na parte de trás da tábua, há uma espécie de guia, descrevendo o que um viajante veria ao seguir um certo caminho. Em uma parte, está escrito que ele deveria cruzar “sete léguas… [para] ver algo tão espesso quanto um vaso parsiktu”.
A palavra “parsiktu” foi encontrada em outras tábuas antigas da Babilônia, e parece se referir ao tamanho de um barco grande o suficiente para sobreviver a um dilúvio.
Seguindo as instruções, os pesquisadores localizaram uma rota para “Urartu”, onde um poema mesopotâmico descreve que um homem e sua família chegaram a uma terra segura em uma grande embarcação para preservar a vida.
Esse lugar é equivalente ao Monte Ararate, nome hebraico da montanha onde, segundo a Bíblia, Noé teria atracado sua arca — e que atualmente está localizada na Turquia.
“Isso indica que a história era a mesma, e que uma versão levou à outra, mas, na visão babilônica, isso era um fato. Se alguém fizesse essa viagem, poderia ver os restos desse barco histórico”, disse o Dr. Irving Finkel, curador do Museu Britânico.
Os povos antigos sabiam do Dilúvio
O Imago Mundi intriga estudiosos desde sua descoberta em 1882 no que hoje é o Iraque. Escrito em “cuneiforme”, um sistema usado pelos babilônios, o texto traz registros de eventos astronômicos, previsões e um mapa que, segundo eles, representava todo o “mundo conhecido”.
No centro do mapa, a Mesopotâmia aparece cercada por um círculo que simboliza um “rio amargo”, que, para eles, envolvia toda a Terra.
A tábua está parcialmente danificada, mas possuía originalmente oito triângulos que os pesquisadores identificaram como representações de montanhas, correspondendo a descrições no verso.
Em um vídeo no YouTube, o Dr. Finkel descreveu que o texto da tábua fala sobre como o viajante encontraria um grande navio ao longo da jornada.
“Essa medida chamada parsiktu é algo que chama a atenção dos especialistas, e o interessante é que só foi encontrada em uma outra tábua cuneiforme,” afirmou. “Essa outra tábua também descreve uma Arca, que teria sido construída por uma versão babilônica de Noé.”
Na versão babilônica da história do Dilúvio, Deus enviou uma inundação para destruir toda a humanidade, com exceção de Utnapishtim e sua família, que construíram uma arca sob a ordem de Deus e a encheu com animais.
“Nesse relato, Deus passa instruções dizendo ‘Você deve fazer isso, isso e aquilo’, e então o Noé babilônico responde ‘Eu fiz isso, isso e aquilo. Eu fiz! E construí as paredes com a espessura de um vaso parsiktu’”.
A Arca de Noé repousou na atual Turquia?
O Dr. Finkel mencionou que quem seguisse a rota até Urartu veria, teoricamente, os restos de madeira do navio na montanha, similar à descrição da Arca na Bíblia.
Segundo a Bíblia, a Arca repousou nas “montanhas de Ararate”, na Turquia, após a Terra ficar coberta de água por 150 dias.
Essa montanha possui um pico que coincide com as dimensões da Arca de Noé descritas na Bíblia: cerca de 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura e 30 côvados de altura, o que equivale a aproximadamente 157 metros de comprimento, 26 metros de largura e 15 metros de altura.
A ideia de que a arca parou no Ararate é controversa — alguns cientistas acreditam que a formação foi causada por processos naturais, enquanto outros defendem que foi resultado de uma intervenção divina.
Uma equipe de especialistas da Universidade Técnica de Istambul vem escavando essa montanha há anos e revelou, em 2023, a descoberta de argila, materiais marinhos e frutos do mar, sugerindo presença humana no local entre 3.000 e 5.000 anos atrás.
No entanto, o Dr. Andrew Snelling, um criacionista com doutorado pela Universidade de Sydney, afirmou anteriormente que o Monte Ararate não poderia ser o local da arca, pois a montanha teria se formado apenas depois que as águas do dilúvio baixaram.