Localizada no coração do deserto da Judeia, escavações da década de 1950 revelaram descobertas arqueológicas significativas, incluindo o monte da tentação de Cristo.
Imagem panorâmica de Jericó atual. (Foto: Wikipedia) |
Jericó, a cidade mais antiga do mundo, teve sua importância histórica reconhecida em 2023 ao ser incluída na Lista do Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Essa decisão destacou o valor cultural e arqueológico da região, sublinhando o status de Jericó como a cidade habitada mais antiga do mundo.
Localizada no coração do deserto da Judeia, com mais de 11.000 anos de história, Jericó se afirma como um local excepcional na trajetória da humanidade.
A cidade foi palco da batalha de Jericó, descrita no Livro de Josué, que marcou o primeiro combate travado na conquista de Canaã pelos israelitas.
A batalha é famosa pela queda triunfante das muralhas de Jericó, provocada pela marcha de israelitas tocando suas trombetas.
Primeiras civilizações
A antiga cidade de Jericó, correspondente ao local conhecido como Tell es-Sultan, proporciona uma visão única das primeiras civilizações humanas.
As escavações arqueológicas revelaram aproximadamente 70 casas pré-históricas e mais de 20 assentamentos sucessivos, evidenciando uma ocupação contínua por milênios.
As casas, de formato circular, foram construídas com argila e palha. O primeiro assentamento humano documentado em Jericó remonta a cerca de 9000 a.C., quando grupos de caçadores-coletores da cultura natufiana se estabeleceram na região.
Os grupos natufianos em Jericó aproveitaram a fonte Ein as-Sultan e as águas do rio Jordão, o que facilitou o desenvolvimento da agricultura e das primeiras tecnologias alimentares.
Essa transição para um estilo de vida sedentário representou uma evolução significativa do nomadismo para a produção de alimentos, com comunidades estabelecendo bases que ainda podem ser observadas hoje.
A transição para um estilo de vida sedentário não apenas alterou a maneira de viver, mas também impulsionou o desenvolvimento de ferramentas e objetos domésticos fundamentais para a convivência em comunidade.
Jericó foi pioneira não apenas no sedentarismo, mas também na construção de infraestruturas defensivas. As comunidades ergueram muros de pedra que desempenhavam uma função dupla: proteger a população de ataques externos e regular os níveis de água de fontes adjacentes para prevenir inundações.
Características notáveis, como um muro de pedra com 3,5 metros de altura e uma torre circular de nove metros, evidenciam as avançadas habilidades de engenharia de seus antigos habitantes.
Torre de Jericó
Escavações em Tell es-Sultan, conduzidas pela arqueóloga britânica Kathleen Kenyon na década de 1950, revelaram descobertas arqueológicas significativas, incluindo a Torre de Jericó.
Os turistas podem explorar a Torre de Jericó, que oferece uma visão de como era a vida na antiguidade. Entre as descobertas arqueológicas mais notáveis em Jericó estão utensílios de cerâmica com inscrições pré-históricas. Essas peças de cerâmica foram utilizadas para conservar alimentos ou para cozinhar, indicando um desenvolvimento inicial de tecnologias alimentares na região.
Além disso, foram descobertos crânios cobertos com gesso e conchas colocadas nas órbitas oculares, sugerindo uma preocupação significativa com a adoração aos ancestrais e as crenças espirituais entre os antigos habitantes.
Esses restos revelam uma conexão profunda com a vida após a morte e um surpreendente nível de sofisticação cultural em uma época em que muitas sociedades ainda eram dependentes da caça e da coleta.
Hoje, Jericó possui uma rica herança histórica, com as ruínas de Tell es-Sultan como seu principal destaque, localizadas no centro histórico da cidade.
Tell es-Sultan abriga vestígios das primeiras civilizações e proporciona aos visitantes a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a história humana. Para os amantes da antiguidade ou para aqueles que desejam aprender mais sobre a história durante as férias, as ruínas de Tell es-Sultan são uma excelente opção de visita.
Fonte de Eliseu
A poucos metros das ruínas de Jericó encontra-se a Fonte de Eliseu, que se tornou um dos locais mais fotografados da cidade.
A Fonte de Eliseu se destaca tanto por sua arquitetura quanto por sua relevância arqueológica e cultural. Em suas paredes, está inscrita a frase "Cidade mais antiga do mundo". Essa distinção atrai milhares de visitantes anualmente.
Jericó também abriga vestígios do Califado Omíada, representados pelo Palácio de Hisham, construído por volta do ano 743-744.
O palácio se destaca por seus mosaicos e decorações em estuque, inspirados nos banhos da civilização romana. Essas obras resistiram ao passar do tempo, proporcionando uma visão do esplendor da arquitetura islâmica primitiva. Alguns restos do Palácio de Hisham estão preservados no Museu Rockefeller em Jerusalém, permitindo que o legado histórico do palácio transcenda as fronteiras de Jericó.
O Monte da Tentação
Outro lugar que merece atenção em Jericó é o Monte da Tentação. Reconhecido pelos fiéis por sua conexão com a Bíblia, é aqui que, segundo relatos bíblicos, Jesus passou quarenta dias em jejum e resistiu às tentações do diabo.
O Monte da Tentação é um dos principais mirantes de Jericó, cercado pela paisagem desértica da Judeia, e possui profundo significado espiritual para os crentes. A partir do Monte da Tentação, os visitantes podem contemplar a vasta extensão do deserto, compreendendo a importância histórica e cultural de Jericó.
O legado histórico de Jericó vai além de seu passado antigo. Os esforços contínuos de habitação e preservação da cidade possibilitaram que as ruínas de Tell es-Sultan fossem estudadas e apreciadas por arqueólogos e visitantes.
Apesar da passagem do tempo, essas estruturas evidenciam a fase sedentária da cidade, fornecendo provas da transição de um estilo de vida nômade para um sedentário. Essa mudança representou um marco na história ao permitir o desenvolvimento da agricultura na região.